Mais um furo do colega Samuel Possebon, editor do site Tela Viva, e este com alto potencial explosivo: setores do governo Temer estariam pressionando por uma solução favorável às redes Record, SBT e RedeTV na disputa com as operadoras de TV paga. Os detalhes podem ser conferidos aqui. Antecipo um resumo da escabrosa trama:

1.Atacado pela Globo (como comentamos no início da semana), Temer precisa de apoio das outras emissoras. Estas se oferecem para ajudar, em troca de ajuda nas negociações sobre a venda de seus sinais à TV paga.

2.Ministros de Temer, inclusive Gilberto Kassab, das Comunicações, pressionam a Anatel a se posicionar no caso; o presidente da Agência, Juarez Quadros, que não é político (embora já tenha sido ministro e seja referência internacional em telecom), não quer tomar partido, preferindo seguir sua área técnica, que está estudando a questão e rejeita interferências políticas.

3.Nas negociações, as operadoras assumiram posição intransigente contra o pagamento pelo sinal. A Simba, empresa criada para negociar em nome das emissoras, já baixou dez vezes sua pedida inicial, de R$ 15 para R$ 1,50; esse seria o custo por assinante, que nas contas de Possebon totalizaria cerca de R$ 320 milhões por ano. As pesquisas feitas pelas operadoras indicam que pouquíssimos assinantes sentem falta dos três canais em suas grades.

4.Entra em cena a Secretaria Nacional do Consumidor, órgão do Ministério da Justiça, onde é grande a influência do notório deputado Celso Russomano, que vem a ser apresentador da Record e, claro, defende a cobrança.

Vale citar também o site RD1, especializado em televisão, que cita dois episódios nada edificantes:

*O vice-presidente da Record, Douglas Tavolaro, foi apanhado em grampo negociando com o senador Aécio Neves um patrocínio da Caixa Econômica Federal em troca de apoio a Temer (isso, claro, antes de Aécio aparecer nas gravações da JBS);

*Temer recentemente deu entrevistas exclusivas ao SBT e à RedeTV, que apoiam abertamente suas reformas trabalhista e da previdência.

Esse nível de discussão pode causar enjôos, como de resto a maior parte das discussões políticas atuais. Mas o caso pode até ter influência na campanha eleitoral de 2018, dado o peso da Record junto à bancada evangélica no Congresso.  É bom ficar de olhos bem abertos.

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