Como não sou especialista em Previdência, evito comentar o tema. Não estou seguro de que a reforma atualmente em discussão será mesmo positiva para o país, ainda mais em sua versão desfigurada pelo governo Temer e seus aliados. Pelo que já li, ouvi e pesquisei, caminhamos céleres para uma falência geral de órgãos públicos, que chegará tanto mais rápido quanto mais demorarmos a encarar a realidade do envelhecimento da população e suas consequências.

Deixo a critério dos leitores formarem sua opinião a partir do trabalho (que considero admirável) de especialistas como José Pastore, Ricardo Amorim, Mansueto de Almeida, Samuel Pessoa e o grande prof. Wladimir Novaes Martinez, autor de vários livros a respeito, entre muitos outros. Cada um deles tem vários artigos e entrevistas publicados, que recomendo sem moderação a quem quiser – mesmo – entender e opinar sobre a questão previdenciária.

Mas o ponto aqui é outro. Em meio à polêmica da reforma, é natural que muitos se manifestem, às vezes de forma ardorosa, contra e a favor. Existem os que não concordam e apontam erros neste ou naquele ponto, e há também os grupos de interesse, que criticam porque podem vir a perder benefícios e privilégios. Em princípio, todas as manifestações são legítimas. Que a população leiga discuta, comente e critique, é igualmente saudável. Difícil é ver, ler e ouvir supostos formadores de opinião acionando seus ventiladores para espalhar excrementos de ideias sobre o tema sem se darem a um trabalho mínimo de pesquisa e análise.

Este, aliás, é um dos problemas na atual era das fake news. Ficou difícil distinguir aqueles que, de fato, estudam para analisar e ajudar a formar opiniões (a meu ver, a única tarefa relevante de quem atua em comunicação); e aqueles que nadam na onda mais conveniente, aproveitando-se de seus espaços na mídia. Infelizmente, vem sendo assim no Brasil há décadas, e agora com a ajuda da internet.

A propósito, imperdível a reportagem da BBC Brasil sobre os criadores de perfis falsos na web brasileira. Entre eles estão vários “formadores de opinião”.  

2 thoughts on “Previdência: (de)formando opiniões

  1. Caro Orlando,

    O tema “previdência” é apenas um entre muitos que são debatidos freneticamente por supostos formadores de opinião que usam e abusam do surrado “eu acho”. Então, encaram qualquer discussão na base do “eu acho” sem a menor preocupação em apresentar argumentos realmente concretos e referenciados.

    Basta lançar um olhar/ouvir crítico nas entrevistas, análises ou conversas com “convidados” de programas de rádio, tevê, redes sociais… Haja seletividade.

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