Não é de hoje que vêm sendo divulgados estudos internacionais sobre a relação entre tecnologia e desemprego. Neste domingo, o jornal Folha de São Paulo acrescenta mais um detalhado levantamento a respeito. Como de costume, relaciona-se a redução nas vagas de trabalho à evolução dos equipamentos, especialmente computadores e sistemas de automação. Nesse contexto, a figura do robô – tão simpática nos tempos de séries como Perdidos no Espaço ou, mais recentemente, Star Wars – ganha contornos sinistros.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o número de robôs em uso no mundo vem crescendo 9% ao ano desde 2010. Nesses oito anos, estima-se que o número de desocupados (pessoas que não conseguem encontrar trabalho) tenha chegado a 850 milhões; é impossível saber o número exato, especialmente numa época em que muitos decidem trabalhar por conta própria e outros tantos acabam sendo obrigados a aceitar sub-empregos. 

Um aspecto cruel desse processo é que a tecnologia reduz os custos de produção, levando a maioria das empresas a investir em máquinas para produzir mais em menos tempo e, assim, sacrificar a mão-de-obra que não é qualificada. As maiores vítimas são, portanto, as populações de baixa renda e com baixo nível de instrução. Embora esteja entre as dez maiores economia dos planeta, todos sabemos que o Brasil é um vexame na matéria, com índices educacionais que alguns especialistas consideram piores do que 20 ou 30 anos atrás.

Mas, mesmo entre os trabalhadores com curso superior e boa formação profissional, os desafios são severos. Algumas profissões simplesmente estão desaparecendo, como mostra este link, enquanto a própria tecnologia criar novas atividades: professor freelancer (que pode dar aula presencial ou online), fazendeiro urbano (cuida da produção e distribuição de alimentos orgânicos em áreas urbanas), designer 3D, instalador de sistemas smart (nem tudo será plug-and-play), técnico em telemedicina, gestor de comunidades digitais, operador de drones e – não poderia faltar – mecânico de robôs! A lista foi extraída de um estudo da Associação Brasileira de Química, que pode ser conferido aqui.

Nesse contexto, por mais que pareça odioso, reformas como a trabalhista – aprovada pelo Congresso no final do ano passado – são não apenas necessárias como inevitáveis. Empresas e trabalhadores têm que se adaptar à nova ordem mundial do trabalho, pelo simples fato de que não há alternativa. E, nesse aspecto, talvez seja melhor pensar na tecnologia como uma aliada, já que permite a qualquer profissional (ou mesmo estudante) aprender novas habilidades em tempo muito mais curto e a custo infinitamente mais baixo.

Vale a pena lembrar aqui os cases da Khan Academy, pioneira no ensino de matemática e outras disciplinas a distância, que no Brasil é associada da Fundação Lehman; do Senac/Senai, especialistas em cursos técnicos profissionalizantes; da USP, que mantém atualizado um programa de cursos gratuitos online em diversas áreas; e da própria Universidade Harvard, a mais famosa do mundo, onde também é possível estudar de graça (clique aqui para saber como, desde que você domine o inglês).

Mais do que nunca, aprender é preciso. Aprender para sobreviver. 

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