Roubo aqui o título de um dos melhores livros de Ruy Castro (aliás, escrito antes que o século acabasse) para comentar mais um episódio da saga Kodak. Comentamos em janeiro sobre o crescimento do mercado vintage, envolvendo itens que se tinha como mortos, casos de fitas cassete, VHS e discos de vinil. Em várias cidades, multiplicam-se pequenos comércios dedicados a essas joias. E, para quem gosta de fotografia e cinema, é bom ficar atento a uma nova coqueluche (acreditem, era assim que se dizia naquela época jurássica).

Primeiro, foi um protótipo exibido na CES em 2016. Melhorado, virou produto na edição 2017, mas ficou nisso. Agora, na feira realizada em Las Vegas, finalmente foi possível ver e experimentar a Hybrid Super 8, nova câmera Kodak para filmagens em… isso mesmo, Super 8. Os jovens que nunca ouviram falar não imaginam que muitos cineastas, no mundo inteiro (até em Hollywood), aprenderam seu ofício usando uma dessas máquinas. 

A que aparece na foto – e que tem design externo idêntico às dos anos 60/70 – foi usada para captar as imagens deste vídeo, encomendado pela própria Kodak na fase de testes do produto. Dois funcionários da empresa nos áureos tempos, tempos que terminaram em 2012 com a decretação da falência (já explicamos a história aqui), persistiram no sonho de reconstruir uma câmera Super 8 como as originais. “O maior desafio”, conta um deles, Steve Parsons, “foi refazer a engenharia que havia se perdido nas últimas décadas. Foi um jogo de tentativa e erro, tivemos que reaprender lições que estavam esquecidas”.

O site da Kodak publicou entrevista com Parsons e seu colega Holger Schwaerzel, gerente do projeto (aqui, em inglês). Depois da boa receptividade na CES, eles partem agora para a etapa comercial, tentando navegar nas ondas dos produtos vintage. Com visor LCD e processador digital, uma câmera terá preço sugerido entre 2.500 e 3.000 dólares. 

Ah! Sim, para quem não se lembra mais, o filme vem enrolado num estojo e precisa ser revelado, digo, processado em laboratório especializado. Parte desses procedimentos agora será digital, diz a Kodak, como mostra este site brasileiro dedicado à fotografia. Vintage sim, mas, afinal, ninguém é de ferro. 

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