Dias atrás, Jeff Bezos, dono da Amazon, anunciou que o serviço Prime Video superou a casa dos 100 milhões de assinantes. Ao promover sua abertura de capital (que nos EUA chamam de IPO, ou “oferta pública de ações”), o Spotify conseguiu ver explodir o valor de suas ações mesmo sendo, ainda, uma empresa que não gera lucro a seus acionistas. Motivo: nada menos do que 71 milhões de terrestres pagam para ouvir música no serviço. Apple Music, seu maior concorrente, bateu em 48 milhões e achou pouco, tanto que o diretor do serviço foi demitido na semana retrasada.

Todas essas empresas seguem a trilha aberta pela Netflix, aquela que foi esnobada (como tantas outras) quando apareceu, cerca de dez anos atrás. A fórmula de conteúdo variado + conveniência + custo baixo provou-se vitoriosa. De vez em quando surgem notícias de que a empresa criada por Reed Hastings continua deficitária, mas é difícil acreditar nisso após todos esses anos.

A Netflix talvez seja o melhor exemplo da teoria da cauda longa, tão bem analisada no livro do mesmo nome, lançado em 2006 pelo jornalista americano Chris Anderson. Segundo esse conceito, tendem a ganhar mercado as empresas que conseguem oferecer grande variedade de itens não perecíveis a preço baixo, de tal forma que as vendas se mantenham por períodos muito mais longos. Ou seja, o oposto do que se viu nos últimos 100 anos, quando todo o esforço era para obter grandes bilheterias (no caso do cinema), audiências (TV), tiragens (livros, revistas, jornais) e assim por diante. 

Pesquisa divulgada na revista Exame e realizada aqui no Brasil (vejam neste link) confirma: Netflix e demais serviços de streaming não estão apenas roubando audiência da TV por assinatura, mas também da TV aberta e até o público dos cinemas. Como contraponto, colaboram também para inibir a pirataria: nada menos do que 81,6% dos entrevistados (num universo de 1.596 pessoas) admite que reduziu o consumo de vídeos ilegais para consumir Netflix.

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