Meu colega Alexandre Algranti, editor do site fonesdeouvido.com.br e de um blog sobre o assunto, ancorado no hometheater.com.br, foi quem primeiro me alertou para a chegada do áudio binaural. Chegada? Bem, não se trata propriamente de uma novidade; há registros datados do século 19!!! Mesmo estando, portanto, um pouco atrasados, vale a pena conhecer melhor essa sensação que agora muitos garotos estão vivendo através da internet. Podem acreditar: é uma experiência fascinante.

Em tempos de áudio imersivo, com diversos fabricantes lançando produtos com as grifes Dolby Atmos e DTS:X, o conceito de áudio binaural é uma revelação para quem se habituou a ouvir música em estéreo e assistir a filmes em surround. Como é usual em inovações tecnológicas, centenas de gravações estão sendo publicadas na internet abusando do conceito, e utilizando identificações como “áudio 3D”, “8D”, “10D” e por aí vai. Algumas apenas replicam o velho truque de alternar os canais direito e esquerdo. Mas a experiência binaural vai muito além.

Antes de passar alguns links onde os leitores podem conferir com seus próprios ouvidos, é bom tentar resumir do que exatamente estamos falando. Segundo Algranti (vejam este artigo), nossa constituição física binaural (temos dois ouvidos) “permite a localização da origem dos sons no espaço pelo cérebro, ao analisar ínfimas diferenças entre os tempos de chegada dos sons nos dois ouvidos”. Essa capacidade nos dá “a ilusão da reprodução multicanal e multidirecional” até mesmo com um fone de ouvido convencional de boa qualidade.

Entende-se, então, por que a moçada está adorando: não é necessário ter um sistema de áudio sofisticado para perceber as nuances de uma gravação binaural – basta um bom fone. Nesta entrevista que fez com Matthias Schulz, da B&K, empresa dinamarquesa que é uma das pioneiras nesse campo, Algranti detalha ainda mais o conceito. Vale a pena ler (e ouvir, claro).

Agora, os links. A empresa americana 3diosound é talvez a maior especialista em gravações binaurais do momento, até porque fabrica os próprios microfones para essa finalidade. Recomento navegar pelo site. Neste vídeo do YouTube, aliás, já temos uma belíssima demonstração prática do conceito. Confiram as sequências de rua, com sons de chuva, vento e buzinas de carros, e os incríveis efeitos de “chuveiro” e “tesoura cortando o cabelo”. 

No endereço Quora.com, há explicações ainda mais detalhadas para quem se interessa tecnicamente pelo assunto. O que hoje é chamado “áudio imersivo” é uma derivação do velho Ambisonics, padrão de gravação lançado na Inglaterra nos anos 70 e que influenciou gerações de profissionais da área. 

Também recomendo os estudos da alemã Sennheiser, que já lançou no Brasil microfones para captação de áudio binaural. Seu maior avanço é a linha Ambeo, destinada a gravações em realidade virtual (VR). Confiram aqui alguns downloads ilustrativos. 

E, claro, recomendo também salvar em seus favoritos o blog do Algranti para se manter atualizado sobre o assunto.

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