pono-neil-young-g1Outra polêmica da CES 2015 foi provocada pelo cantor e compositor canadense Neil Young, ao lançar o player Pono (foto). Causou muita discussão, não pelo fato de não ser apenas mais um player de música digital igual a tantos, mas pela atitude do artista, que iniciou uma verdadeira cruzada para promover a novidade.

Young é daqueles roqueiros que as pessoas amam ou odeiam. Aos 69 anos, nunca fez concessões, brigou com dezenas de colegas e executivos da indústria musical, além de ter sido o primeiro – que eu me lembre – a criticar publicamente o uso de drogas no meio artístico (compôs até uma música a respeito, The Needle and the Damaged Done – confiram neste link). Pelo visto, continua um excelente polemista.

Pono não é apenas um player, mas uma plataforma de música digital que se propõe a resgatar o que Young considera “fidelidade sonora”. Algo que se prezava muito na época do áudio analógico, mas que perdeu importância com a chegada do MP3. O serviço promete milhões de canções, de diversos gêneros, para streaming em alta resolução (96kHz, 24-bit). Há quem diga que o ouvido humano não consegue perceber sons com essa frequência de amostragem, mas também existem aqueles que, aos primeiros acordes, dizem reconhecer ali a essência da música (mais detalhes aqui).

Young, é claro, está neste segundo grupo. “Queremos que o Pono seja como um despertar da música, que vem sendo tão massacrada nos últimos anos”, disse ele à edição americana da Rolling Stone. “Mas estamos apenas no começo. Aos poucos, queremos buscar o apoio de outros artistas e da comunidade musical como um todo. O MP3 é ótimo, pela praticidade, ajudou muita gente a se interessar por música. Mas as pessoas precisam saber o que é, de fato, atingir seu coração através do som. No fundo, tudo se resume em recuperar o prazer de ouvir música bem executada e bem gravada”.

O músico garante que a plataforma do Pono será sempre aberta, e até convida empresas como Apple e Google a adotarem essa tecnologia. “Só não vamos permitir que eles destruam a ideia de música em alta fidelidade”, promete. Uma das críticas é de que o aparelho é muito caro: US$ 379, preço de lançamento nos EUA. Mesmo assim, é interessante pensar que Young dedicou os últimos anos a montar esse modelo de negócio. Reuniu engenheiros de áudio experientes a especialistas em software e, pela internet, criou uma startup, financiando ele próprio boa parte do projeto. Acabou atraindo investidores e até agora já conseguiu vender 20 mil unidades de seu player.

É pouco, claro, mas as ambições desse músico incansável vão bem longe.

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