martin cPoucos sites de tecnologia se deram ao trabalho de lembrar, mas foi num 3 de abril como hoje que aconteceu a primeira ligação telefônica com dispositivo móvel no mundo. Na época, 1973, ainda não se chamava “telefone celular”, mas seu inventor, Martin Cooper, que trabalhava na Motorola, sabia que estava fazendo história. Tanto que a primeira pessoa para quem ligou foi seu maior concorrente, Joel Engel, da Bell Labs. “Adivinhe de onde estou falando”, provocou Cooper. “Do meio da rua”.

Não era exagero. Cooper (foto caminhava pela 6a Avenida, em Nova York, rumo a uma entrevista coletiva onde apresentaria o DynaTac 8000X, que pesava quase 800 gramas. Sua maior dificuldade era falar e segurar o aparelho (com as duas mãos) ao mesmo tempo. Decidiu testar a novidade ali, pela enésima vez, em meio ao trânsito e aos prédios que, alguns temiam, bloqueariam o sinal.

Essa saga está contada em detalhes em meu livro “Os Visionários – Homens que Mudaram o Mundo através daTecnologia“, lançado em 2011. Cooper, naturalmente, foi um desses homens. Faz parte de uma galeria que inclui Steve Jobs, Bill Gates, Jeff Bezos, Akio Morita e vários outros. Parte da história é ilustrada em vídeos do YouTube, como este.

Em seu livro “Os Inovadores“, que saiu em 2014, o jornalista americano Walter Isacsson – biógrafo de Steve Jobs, Albert Einstein e Benjamin Franklin – lembra que inovações tecnológicas nunca são obra de uma pessoa só. Ao contrário, dependem decisivamente da colaboração, do trabalho em equipe e da troca (às vezes virtual) de informações. Isacsson não cita Cooper em seu livro, mais focado na evolução dos computadores – a meu ver uma grande injustiça, considerando que o celular se transformou num “computador de bolso”; mas essa é outra discussão.

Ao contrário de outros visionários, Cooper não faz propaganda de si próprio. Aos 86 anos, mantém um blog modesto e de vez em quando dá entrevistas sobre tecnologia e telecomunicações em geral. Admite que o apoio da cúpula da Motorola e o trabalho de dezenas de técnicos foram essenciais para o seu sucesso. Sem eles, não teríamos hoje os smartphones, cuja conta mais recente, publicada no site do jornal El País, já passa de 2,6 bilhões de terminais.

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