Eleições e redes sociais: o que está acontecendo em 2014

Por Débora Carvalho*

Em outubro, o Brasil vai às urnas escolher presidente, governador, deputados e senadores. Com a “concorrência” alta, candidatos já acrescentaram em suas campanhas a presença nas redes sociais. E como chegar até o eleitor sem a sensação de invasão do que seria um momento de lazer? Ou sem parecer a propaganda obrigatória que assistimos na TV?

Muitos políticos já possuem páginas no Facebook e contas no Twitter, a fim de se aproximar do eleitorado, ouvindo críticas e sugestões. Muito continua sendo feito com base no exemplo da campanha de Obama, em 2008. Ele criou uma espécie de “rede social”, o MyBarackObama.com, apenas para os eleitores criarem seus blogs de discussão. Também fez o YouBama, onde os usuários podiam subir vídeos dizendo as razões pelas quais votaria ou não nele. Usando apenas 2% do seu budget para as redes sociais, Obama conseguiu arrecadar cerca 100 milhões de dólares para sua campanha, o que corresponde a 87% do total. Dando poder de voz às pessoas, ele não se tornou invasivo, recebendo apoio espontâneo e comícios lotados.

Mesmo que no Brasil a campanha dos candidatos não seja tão impactante, é de suma importância o cuidado em não tornar a propaganda na web um discurso rápido, daqueles que são veiculados na TV: “Candidato X promete melhoria na educação, creches e escolas. Vote 0000”.

Em São Paulo, candidatos já apostam em canais interativos, com rede de blogs, espaço e fórum para sugestões e vídeos. A novidade também está no uso do WhatsApp: a ideia pode ser vista como um meio de o eleitor ver o candidato como se fosse a “recomendação” de um amigo. No Rio de Janeiro, a prática já é comum, com candidatos repassando propostas por SMS e mensagens.

Vale ressaltar que estas redes não devem ser esquecidas após as eleições, o que acontece com frequência. Outro ponto importante é para que o eleitor se defenda: existem algumas restrições sobre o que é permitido nas eleições.

Estão vetados:

– Anúncios pagos como: Facebook Ads, LinkedIn Ads, Youtube Ads, Twitter Ads e banners em blogs de terceiros.

– Compra de banco de dados (comum para quem faz e-mail marketing).

– Divulgação de campanha em sites de pessoas jurídicas ou órgãos do governo.

– Mídia paga, como Adwords.

Se algum desses tópicos for violado, o TSE já colocou à disposição da população um canal online para denúncias. Mais que simplesmente fazer propaganda, a preocupação está em fazer com que o eleitor veja as mídias sociais como um canal de debate direto, humanizando a imagem política. O que pode ser um desafio – que vale a pena ser superado – é que a população em geral deixe de ver a política como algo distante, que acontece lá em Brasília, para algo que cada um pode opinar e mudar, se for trabalhado em conjunto.

No entanto, junto a este desafio vem o comodismo dos cidadãos: parece que em frente ao computador a coisa piora, com os “sofativistas”, termo para caracterizar os “ativistas de home office”. Eles provavelmente estarão muito presentes durante as eleições e caberá a cada cidadão tirar proveito dos debates e das campanhas que aparecerem em sua timeline. Esse é o momento para deixar um pouco de lado as “selfies” para pensar no coletivo. Pois o marketing das campanhas políticas mudou, agora só falta o comportamento dos eleitores.

Este artigo foi publicado originalmente no site Convergência Digital

* Débora Carvalho é analista de mídias sociais da Redsuns (www.redsuns.com.br), agência de comunicação digital com foco em performance on-line.