Categories: Notícias

Para onde vão nossos bilhões?

Aliás, a forma como este governo vem administrando a área de telecomunicações em geral daria um belo livro de espionagem. Ou de mafiosos. Vejam o enrolado caso da compra da Brasil Telecom pela Oi. Todo dia a imprensa publica uma novidade cabeluda a respeito.
 
Claro que este não é o espaço adequado para detalhar o que está acontecendo. Sugiro aos interessados uma reportagem excelente de Daniela Moreira, que saiu esta semana no IDG Now (leia aqui). 

Há divergências entre os especialistas, mas o que importa – pelo menos a nós, consumidores e contribuintes – é o seguinte: o governo quer porque quer criar uma megaoperadora “brasileira” de telefonia, para competir em melhores condições com as multinacionais Telefonica (maior acionista da Vivo) e Telmex (dona da Claro e da Embratel). Para isso, armou um complicado esquema financeiro, em que os atuais donos da Oi (os grupos LaFonte e Andrade Gutierrez, este por sinal o maior financiador da campanha de Lula a presidente, e sócio do filho de Lula) receberiam dinheiro do BNDES para comprar a BrTelecom, que tem entre seus sócios o Citigroup e o megainvestidor Daniel Dantas.
 
Claro, não estamos falando de pouco dinheiro: o negócio todo passa da casa dos R$ 5,2 bilhões!!!
 
Bem, em qualquer país sério todo mundo acharia um escândalo usar dinheiro público para financiar uma operação como essa. Ainda mais considerando que os dois grupos beneficiados têm negócios com o governo (ou com o presidente e sua família) e que não estão propriamente entre os mais necessitados do País. Mas talvez seja ainda pior o fato de que se está dando um enorme passo atrás no processo de privatização das telecomunicações. Este teve suas falhas, com certeza, talvez até irregularidades – que o governo deveria investigar, mas não o faz.
 
Um dos erros foi justamente restringir a prestação do serviço de telefonia a duas ou três empresas, quando o consumidor deveria poder escolher entre cinco, seis ou dez! Em São Paulo, por exemplo, temos hoje três operadoras de celular (Claro, Vivo e Tim), com a perspectiva de entrada de uma quarta (Oi), que certamente ajudaria a melhorar os serviços e quem sabe baratear os custos. O que faz então o governo? Tenta concentrar ainda mais esse mercado, em vez de estimular a entrada de novos prestadores.
 
Pensando bem, usei lá em cima a palavra “escândalo”. Mas esta é insuficiente para definir o que está acontecendo.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Inteligência Artificial não tem mais volta

Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…

2 semanas ago

TV 3D, pelo menos em games

                          Tida como…

2 semanas ago

TV na CES. Para ver e comprar na hora

Para quem visita a CES (minha primeira foi em 1987, ainda em Chicago), há sempre…

2 semanas ago

Meta joga tudo no ventilador

    Uma pausa na cobertura da CES para comentar a estapafúrdia decisão da Meta,…

2 semanas ago

2025 começa com tudo…

Desejando a todos um excelente Ano Novo, começamos 2025 em plena CES, com novidades de…

3 semanas ago

Dolby Atmos em TVs e soundbars

                  A edição de dezembro da revista…

1 mês ago