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Rejuvenescendo uma marca

Estive ontem num evento raro de se ver no Brasil. A Philips reuniu, em seu novo show-room em São Paulo, um grupo de jornalistas especializados, não para simplesmente divulgar seus produtos, e sim para ouvir os formadores de opinião. Fernando Stinchi, vice-presidente da empresa, falou um pouco sobre sua situação atual e alguns de seus projetos futuros, mas fez questão de ouvir inclusive as críticas.

Desde o ano passado, um verdadeiro terremoto se abateu sobre a Philips no Brasil, com a entrada de Paulo Zottolo no cargo de presidente, antes ocupado por Marcos Magalhães. Seria difícil encontrar dois executivos de perfis mais distintos. Magalhães é discreto e sóbrio, vindo do chão de fábrica, tendo se tornado o primeiro brasileiro a assumir a presidência do grupo no Brasil (e depois na América Latina); Zottolo, ao contrário, é um homem essencialmente de marketing, expansivo e ousado por natureza. Junto com Nizan Guanaes, está tentando rejuvenescer a marca Philips (em tempo: foi o próprio Magalhães quem o escolheu como sucessor).

No encontro de ontem, Stinchi admitiu que a empresa perdeu mercado nos últimos anos, atribuindo isso a erros estratégicos como não dar a devida importância aos TVs de tela fina enquanto os principais concorrentes (leia-se: os fabricantes coreanos) iam tomando conta do mercado. Admitiu também outro erro importante: concentrar as vendas nas mãos de sete ou oito grandes redes de varejo, algo que agora está sendo corrigido, com um ambicioso plano para firmar a presença da marca em 100 pontos de venda estratégicos.

De quebra, aproveitou para apresentar as novas linhas de produto, em que se destacam os TVs Aurea (foto). Mas isso não é o mais importante. Todo mundo sabe que os produtos da Philips são de boa qualidade. Mais reveladora é a mudança de postura, que espero seja mesmo pra valer (clique aqui para ver o vídeo). Não é fácil mudar a cultura de uma empresa desse porte. Mas, como dizia o poeta, navegar é preciso.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Como revendedor especializado e consultor em marketing, gostaria de elogiar a Philips também. Hoje é o único fabricante de TV nacional que se preocupa com o mercado especializado. Os orientais (japoneses e coreanos) estão preocupados em vender volume, estão focados nos produtos e aderiram à moda de vender para a classe C. Logo as lojas especializadas, que focam nas classes A e B não são mais consideradas seus pontos de venda. Já a Philips esta focada na experiência do consumidor em ter um produto de qualidade, focada nas sensações do consumidor e não no produto em si. Seus produtos podem atender muito bem a classe C porque tem preço competitivo, mas a Philips não esqueceu os formadores de opinião, o público que compra qualidade e serviços e não preços. Para a Philips um copo pela metade não é um copo quase vazio, é um copo quase cheio. A Philips não perdeu mercado para os orientais, ela ganhou o coração de um mercado abandonado pelos fabricantes comuns.

  • Temos uma empresa especializada em home theater e estamos no mercado de TVs (e home theaters nacionais) graças a Philips,que mantem um departamento de atendimento a especializadas(aqui um elogio especial à Edinete que nos atende com qualidade especial).Sómente duas ressalvas:são necessários mais modelos de Home Theater com potencia maior(com 5.1 caixas)e a volta do modelo DVP5980 ou lançamento de novo dvd player com saida HDMI.

  • Concordo. A Philips hoje é o único fabricante de TV que ainda (vamos ver até quando...) atende empresas especializadas. Como disseram antes, os "orientais" estão se lixando para o mercado. Eles olham apenas para os próprios bolsos. Lembrem que pequenas empresas especializadas podem "queimar" uma marca facilmente diante do mercado, pois somos formadores de opinião. Lembrem que quando uma grande rede de lojas quebra, ela leva seus fornecedores juntos. Desprezar as pequenas lojas especializadas é um tiro no pé que LG, Sansung e Sony estão dando.

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