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Cachorros grandes se enfrentam!

A briga entre Sky e MTV ganhou as manchetes neste fim de semana. No sábado, a Revista Veja saiu com reportagem defendendo o lado da MTV, cuja proprietária (Editora Abril) é também dona da Veja. Nada mais natural. Aos seus assinantes, a Sky deu a sua versão: a MTV aumentou muito o custo de sua licença e por isso teve que ser tirada do ar. Como a Sky é muito boazinha, manteve o sinal para os assinantes da Grande São Paulo, mesmo sem ser obrigada a fazê-lo.

No domingo, a Sky ainda divulgou nota oficial na primeira página dos principais jornais para “esclarecer” as coisas. Segundo a operadora, a MTV quis simplesmente dobrar o valor do contrato. Além disso (detalhe importante, ocultado pela Veja), a Abril quis forçar a Sky a colocar no ar também o sinal de seus novos canais FizTV e Ideal. Mas (detalhe importante, ocultado pela Sky), ao manter o sinal da MTV no ar para São Paulo, a Sky torna-se uma operadora ilegal, pois não tem contrato para isso.

Temos, portanto, uma disputa acirrada entre os dois maiores grupos de comunicação do País (mais detalhes aqui). A Sky tem, segundo a Veja, 26% de suas ações sob controle da Globo, que também detém 46% da Net e, naturalmente, é dona da maior rede de televisão aberta do País. Net e Sky dominam, juntas, 78% do mercado de TV paga no Brasil, o que sem dúvida configura um monopólio (por que será que o Cade ainda não se manifestou a respeito?)

A disputa torna-se mais complicada porque outros grupos produtores de conteúdo, como a Bandeirantes, que não conseguem espaço nas grades da Net e da Sky, agora se aliam à Abril. E tantam mobilizar a ABPITV (Associação Brasileira das Produtoras Independentes de Televisão), que por enquanto não diz nada.

Mas é inevitável que a questão chegue ao Congresso, onde atualmente se discute a nova lei das TVs pagas. De que lado será que ficarão os senhores deputados, neste ano de eleições? Se defenderem a Sky, começarão a ser malhados pela Veja imediatamente; caso fiquem com a MTV, correm o risco de verem suas maracutaias denunciadas pela Globo.

É assim que se administra o negócio da comunicação no Brasil.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Se as operadoras deixassem de oferecer pacotes de canais e passassem a cobrar por canal contratado, esta guerra seria decidida pelo consumidor. Os canais mais desejados e com custo mais dentro da realidade seriam os mais contratados. Os canais que não conquistarem o interesse do espectador ou tivessem custo fora da realidade, não seriam contratados.

  • sou a favor da cobrança apenas pelo canl que assiste, sem a obrigação de comprar pacotes onde constam muitos canais sem interesse algum.

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