As prisões da Polícia Federal esta semana escancararam mais um aspecto dos escândalos financeiros no País: a participação da imprensa. Não propriamente para investigar, como seria desejável, mas para ser protagonista. Foi o caso do repórter Cesar Tralli, da TV Globo, que mais uma vez conseguiu um furo: estava ao lado dos policiais quando estes invadiram o prédio onde mora o ex-prefeito Celso Pitta e o prenderam (Pitta, não Tralli).
Como um jornalista consegue esse tipo de informação, ainda mais numa operação guardada a 70 chaves como esta última da PF, é algo que espanta. Tralli já tem um currículo razoável nessa linha de jornalismo – a bem da verdade, não é o único. A ânsia pelo furo às vezes leva um repórter a acordos inconfessáveis com policiais ou, pior, com bandidos. Foi esse tipo de atitude que resultou na morte, por exemplo, do jornalista Tim Lopes, também da Globo, anos atrás.
Que a polícia queira dar privilégios à Globo, também não é admissível – embora se saiba que qualquer outra emissora teria exatamente o mesmo comportamento, se fosse convidada a isso. No festival de exibicionismo, o pior é que os réus e seus advogados acabam usando esse “show da vida” como álibi. Afinal, não merecem ser execrados em público. Não mesmo?
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