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O conversor de R$ 199

Falando em TV Digital, nesta 3a. feira o ministro das Comunicações, Helio Costa, deu mais um show de demagogia, durante o lançamento do conversor (set-top-box) da empresa taiwanesa Proview, prometido para chegar ao consumidor por R$ 199. Previsão de Costa: até o final do ano, terão sido vendidos no Brasil nada menos do que 800 mil celulares com capacidade de recepção de televisão.

De onde o ministro saca números tão absurdos é algo que só se explica pela demagogia típica dos políticos. Lembremos que, em dezembro, Costa também previu que seriam vendidos 700 mil conversores, ao preço de R$ 200. Não só não foram, como os poucos modelos lançados a esse preço tiveram que ser recolhidos por falhas técnicas. A própria Positivo, que lançou um dos modelos mais baratos do mercado, estimou que as vendas totais (somadas todas as marcas) não passaram de 20 mil unidades. E, discretamente, interrompeu a produção.

Ainda não tenho informações sobre o produto da Proview, a não ser que trata-se de um “made in China”. Conversando com outros fabricantes, cheguei à conclusão de que R$ 200 (ou algo assim) é o custo de fabricação de um bom conversor – leia-se: um produto que preserve a qualidade do sinal e que não trave. É fácil fazer a conta: 80% de impostos + 30% de distribuição, em cascata, levam esse custo para perto de R$ 500. Coloque em cima as margens de lucro do fabricante e do revendedor e teremos, por baixo, R$ 850. Com muito boa vontade.

Quanto aos celulares, até agora o único modelo com capacidade de recepção de TV Digital é o da Samsung, muito bom por sinal. Mas a empresa coreana ainda não fechou acordo com as principais operadoras (exceção feita à Vivo), e sem o subsídio das operadoras não há como vender grandes quantidades.

Essa é a realidade, sem demagogia.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Estão esquecendo a recomendação de Milton Friedman de que não existe almoço de graça

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