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1 milhão de iPhones? Nem na China…

Nos últimos dias, a imprensa mundial replicou manchetes sobre as vendas do iPhone 3G, lançado na última 6a. feira em 22 países. Junto com as fotos de filas nas portas de lojas, a notícia mais impressionante: 1 milhão de aparelhos vendidos apenas num fim de semana. Uau!!! Seria então o maior sucesso da indústria eletrônica em todos os tempos, certo?

Errado. O número foi de 425 mil aparelhos, diz Gene Munster, analista da empresa de pesquisas de mercado Piper Jaffray. Para inflar seus dados, a Apple somou todas as encomendas que recebeu, sendo que muitas delas não se transformaram obrigatoriamente em vendas. Isso é comum na indústria, a Apple não está inventando nada de novo. O problema – mais uma vez – é a imprensa reproduzir o número à exaustão. Nestes tempos de informação em tempo real, notícias como essa se espalham tão rapidamente quanto os vírus de computador, e em alguns casos ajudando a fazer a fortuna ou a desgraça de muita gente.

Não me canso de repetir que a imprensa dita especializada deve ser mais do que cuidadosa na divulgação de números. Quando se ouve falar que tal filme faturou X milhões de bilheteria, ou que determinado artista renovou seu contrato por Y milhões, é preciso redobrar a atenção. A quem interessa divulgar tais números? Que diferença faz para o leitor? No caso do iPhone, todo mundo sabia que seria um sucesso, dada a primorosa estratégia de marketing da Apple, que sabe como poucas empresas valorizar seus produtos e sua marca. Contratar uma empresa de “auditoria” para referendar dados desse tipo também não é nada difícil.

E vejam que interessante. Enquanto dez entre dez sites e jornais divulgavam o tal milhão de iPhones vendidos, passou quase despercebida a notícia de que o serviço MobileMe, lançado pela Apple junto com o novo celular, travou já na sua estréia. Trata-se de um sistema de armazenamento de dados virtual: você pode transferir para lá tudo que estiver no seu iPod, iPhone, Mac ou qualquer aparelho Apple; quando precisar daquelas informações, é só entrar na sua conta e baixar; e a qualquer momento pode atualizar a conta, acrescentando ou retirando informações (veja aqui o vídeo).

Pois bem, muitos infelizes perderam dados nessa brincadeira (e pagaram por isso). A Apple colocou em seu site um pedido de desculpas. Como é mesmo aquela história do apressado come cru?

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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