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TV Digital é burra?

É impressionante a má vontade da mídia em geral com relação à implantação da TV Digital. Em parte por desconhecimento e em parte por má vontade mesmo, o fato é que a toda hora saem na imprensa notícias (ou achismos) questionando o processo. Eu mesmo aqui já critiquei várias vezes a postura demagógica do governo, que fez um carnaval no final do ano passado (lembram-se? Já faz um ano…) mas de concreto, mesmo, realiza muito pouco para que o País – pelo menos nesse quesito – entre para o Primeiro Mundo.

O leitor Raul Neto, de Porto Alegre, escreve para confirmar que as transmissões começaram na capital gaúcha, a oitava cidade brasileira a ter TV Digital. Andei pesquisando o proceso de implantação em outros países e descobri que não foi muito diferente – com exceção, talvez, de Japão, Coréia e Alemanha. É demorado mesmo. O problema foi o governo ter cantado aos quatro ventos que tudo seria uma maravilha, o sinal estaria disponível em todo o País rapidinho e todo mundo iria poder comprar seus conversores a R$ 100 ou R$ 200!!!

Dados divulgados ontem pelo Fórum do SBTVD tentam passar uma visão otimista da questão. Até o final do ano, terão sido vendidos cerca de 150 mil conversores (modulares ou embutidos em TVs de tela fina). Como eles calculam que cada residência possui, em média, 3,3 moradores, chegaríamos em dezembro a 645 mil brasileiros em condições de ver sinal de TV Digital em suas casas. Confesso que desconfio um pouco desses números, até porque não há como saber quantas pessoas compraram seus conversores de segunda mão e quantas desistiram de captar o sinal digital depois das primeiras tentativas frustradas (o Fórum também não esclarece se a conta inclui os conversores 1-seg, usados em dispositivos portáteis).

Agora, a mídia também não precisa detonar a TV Digital como um todo, como fez a Folha de São Paulo na semana passada, neste artigo, ao chamar o padrão brasileiro de “burro” por não oferecer a tão prometida interatividade. Só mesmo quem não acompanhou o processo inicial pode se queixar agora da falta do tal Ginga. Dez entre dez especialistas sabiam que aquilo era conversa fiada do governo e que não haverá interatividade na televisão brasileira tão cedo. Palavra das emissoras, que mal conseguem dar conta de transmitir um sinal de qualidade e não querem se ocupar desse verdadeiro abacaxi que é a criação de conteúdos interativos.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Acho que as operadoras deveriam se preocupar primeiro com o conteúdo e depois com a qualidade da transmissão. TV digital para ver Zorra Total, Novelas da Globo e "Cansastico"?

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