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E a nossa interatividade, como vai?

Pois é, falaram, falaram, mas o tal Ginga continua “gingando” por aí. As partes envolvidas – fabricantes, emissoras, produtores de conteúdo, acadêmicos, governo – não conseguem chegar a um acordo sobre qual seria o modelo de interatividade ideal para a TV Digital brasileira.

Querem saber? Acho que antes de 2010 não vai acontecer nada!

Por sinal, procurei pela interatividade em vários estandes da CES, como já havia feito na CEATEC do Japão, e o máximo que encontrei foram réplicas de serviços da internet transportados para a tela grande do TV. Bem, interatividade não é isso, certo? Ou não é só isso. O que se prometeu, no lançamento da TV Digital, era a possibilidade de interagir com a emissora ao vivo para, por exemplo, pedir uma informação sobre o programa que está sendo exibido, ou adquirir na hora um produto que está sendo mostrado. Isso, decididamente, está fora dos planos das emissoras brasileiras.

Pelo que pude apurar, nenhuma delas tem como bancar essa brincadeira, que depende do canal de retorno. Como na internet: você tem um retorno do site onde está navegando. Isso só é possível para quem domina a tecnologia de telecomunicações E esta… adivinharam: está nas mãos das operadoras de telefonia, que como se sabe foram alijadas do processo de escolha do padrão digital brasileiro. O padrão japonês simplesmente impede esse serviço, porque concentra o controle do sinal na geradora; ao contrário do padrão europeu, que prevê as duas possibilidades.

Vídeo-arte dos designers Young-Hai Chang (coreano) e Marc Voge (americano)

 

 

Outro detalhe que estamos descobrindo: interatividade é um ato isolado. Ou melhor, uma troca de informações entre duas pessoas, uma de cada lado da linha. Se você quiser ficar brincando de buscar informações sobre o seu time durante um jogo de futebol, por exemplo, as outras pessoas na sala vão querer expulsá-lo dali. Isso se faz no computador, individualmente. Esse, aliás, é o grande segredo do sucesso da internet, onde as pessoas podem navegar horas e horas sem serem incomodadas. Impossível fazê-lo diante do TV, a menos que você seja um eterno solitário.

Minha proposta: vamos esquecer essa tal de interatividade e nos concentrar na qualidade de áudio e vídeo e, principalmente, dos conteúdos que a TV Digital pode nos trazer.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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