O mais incrível é que a Panasonic do Brasil, numa inédita demonstração de transparência, divulga a notícia em detalhes. Recebi o press-release agora no final da tarde. É uma profusão de números em iêne (hoje cotado a 11 dólares para cada 1.000). Embora nada informe sobre as demissões, o comunicado detalha a situação financeira da empresa em todo o mundo, inclusive especificando quais linhas de produtos estão sentindo mais os efeitos da recessão.
Alguns números são úteis para se entender o tamanho do problema (todos os dados são em iênes):
*As vendas no último trimestre de 2008 caíram 20%, de 2.344 para 1.879 trilhão; no mercado japonês, a queda foi de 10%; nos outros mercados, 29%.
*O lucro operacional caiu 84% no mesmo trimestre. Segundo a empresa, os três fatores que mais pesaram foram a competição de preços, o aumento do custo das matérias-primas e a valorização do iêne.
*Como se sabe, o lucro operacional não é o lucro real, pois sobre ele incidem impostos e encargos. Neste item, o tombo foi respeitável: a empresa saiu de um lucro de 115 bilhões em 2007 para um prejuízo de 63 bilhões em 2008 (sempre referente ao último trimestre do ano).
*TVs de tela plana e gravadores de DVD aumentaram suas vendas, mas em compensação câmeras, equipamentos de áudio e computadores tiveram quedas expressivas. Também houve perdas em eletrodomésticos, componentes e sistemas de automação para empresas.
*Nessa brincadeira, o grupo perdeu nada menos do que 852 bilhões em ativos; não ficou claro se a compra da Sanyo está incluída nessa conta.
Nesse verdadeiro exercício de transparência, algo que deveria ser imitado pelas outras empresas, a Panasonic informa que suas perspectivas para 2009 não são nada animadoras. Em novembro, a previsão era de um lucro na casa dos 30 bilhões no próximo ano fiscal, que começa em abril; agora, a previsão é de prejuízo: 380 bilhões!
É bom lembrar que no Japão e nos EUA, entre outros países, as empresas são obrigadas a divulgar esses e outros números, porque devem satisfações a seus acionistas. Isso é lei. Aqui, também. Só que ninguém cumpre; ou, quando cumpre, é através daqueles balanços de página inteira publicados nos jornais, com letrinhas miúdas. Em mais de 30 anos, não me lembro de ter visto uma empresa divulgar números tão negativos dessa forma, sem esconder nada (aparentemente).
Que o exemplo frutifique!
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