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O risco das comparações

O Brasil tem sido muito citado pelos executivos da Philips durante o evento mundial que estamos presenciando aqui em Portugal. Primeiro, por estar no grupo dos “emergentes”, nos quais a empresa aposta suas fichas para os próximos anos. Depois, por ter sido escolhido como uma espécie de “área de teste” para produtos que a Philips não lançou em outros territórios, como notebooks e players para carro.

Mas o que me chamou mais atenção foi a referência de Nils Leseberg, vice-presidente da área de TVs da Philips, à campanha levada ao ar no Brasil no final do ano passado, em que Ivete Sangalo apresenta os resultados de um teste comparativo entre TVs das marcas Philips, LG, Samsung e Sony. Como os leitores devem se lembrar, o teste foi assinado pelo Ibope, que teria ouvido 1.000 usuários e estes escolhido o modelo Philips como o melhor de todos. A pesquisa foi citada aqui, diante de jornalistas do mundo inteiro, como prova da superioridade da marca. E o vídeo com Ivete foi visto por todos os jornalistas presentes.

Até aí, tudo bem. Se a Philips tem esses dados, deve mesmo divulgá-los por todos os meios. Curioso é que, numa das salas de demonstração montadas aqui em Portugal, a empresa colocou lado a lado um de seus TVs LCD com modelos similares da Sony e da Samsung. A idéia era provar que o TV Philips é mesmo melhor. Mas, depois de examinar várias imagens nos três aparelhos, por cerca de 10 minutos, cheguei à conclusão de que a imagem do Sony está melhor do que a dos outros dois! E que o da Samsung está melhor do que o Philips.

Claro, posso estar equivocado. Já vi dezenas de comparações desse tipo e sei que o sinal pode ser manipulado à conveniência de que monta o cenário. E usei apenas os meus dois olhos, não os de 1.000 convidados do Ibope. Mas que esse tipo de comparação é complicado, lá isso é.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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