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A dura realidade japonesa

Para um país que quase sucumbiu a uma guerra mundial e conseguiu recuperar-se admiravelmente, tornando-se a segunda maior potência mundial, deve estar sendo difícil se adaptar à nova realidade da recessão. A Toyota, maior montadora do mundo, acaba de anunciar queda de 50% nas vendas de automóveis. Já comentei aqui sobre fabricantes de eletrônicos que também amargam números parecidos. E uma reportagem publicada semana passada pela agência Associated Press revela como os japoneses enfrentam a crise no dia-a-dia. Um dos aspectos reveladores é o aumento da procura por produtos baratos, ainda que venham com a tarja “Made in China”, coisa que para um japonês deve ser dura de engolir.

Segundo a empresa de pesquisas Nikkei Market Access, o consumidor japonês está pagando este ano um terço que do que pagava, até o ano passado, por um computador. Marcas até então tidas como de segunda categoria – como as chinesas Haier e Asus Tek – ganham maiores fatias de mercado, roubadas de gigantes como Sony e Panasonic. O fenômeno atinge todo tipo de aparelho, de computadores a torradeiras. E os analistas prevêem que varejistas fortes em preço, como a Wal-Mart, que nunca conseguiu se dar bem no Japão, devem crescer muito a partir de agora.

“Os consumidores estão dando mais atenção ao preço”, explicou Shinya Torihama, um desses analistas. “E muitos não ligam mais para as marcas”, acrescenta outro, Masataka Komorida. Para comprovar, basta esta estatística: em 2002, só havia dez marcas não japonesas entre as 10 mais vendidas em laptops. Hoje, a lista inclui Acer, Asus (ambas taiwanesas), a chinesa Lenovo e as americanas Apple, Dell e Gateway.

É, sem dúvida, um duro golpe no velho orgulho nipônico.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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