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Por dentro da TV paga

Sites, blogs e fóruns de discussão na internet vivem debatendo (e na maioria das vezes criticando) os serviços de TV por assinatura no Brasil. De fato, há muito a ser criticado, a começar pela concentração desse setor, que oferece bem poucas alternativas ao usuário. Quase sempre, o assinante que não está satisfeito com sua operadora não tem opção de troca – pode, no máximo, reclamar. Os problemas – queda de sinal, má qualidade de som e/ou imagem, cobranças indevidas e a obrigatoriedade de aceitar pacotes com canais a que ninguém assiste – vêm se multiplicando nos últimos tempos por um motivo bem simples: está aumentando o interesse dos brasileiros pela TV paga, o que sem dúvida é um dado positivo.
As estatíticas mais recentes indicam que o número de assinantes cresceu cerca de 17% no início deste ano, um aumento que se deve em boa medida à expansão da banda larga – Net e TVA, duas das maiores operadoras (a outra é a Sky) vendem “combos” com os dois serviços associados à linha telefônica, o que acaba saindo mais barato do que ter os três serviços em separado. O aumento da demanda colocou em cheque a infraestrutura das operadoras, que talvez não esperassem por ele.
Mas o que ninguém comenta é que os problemas da TV paga nem sempre são culpa das operadoras. Há outros vilões nessa história. O setor inclui outros dois segmentos muito mais fortes: o governo e as programadoras, que são donas do conteúdo exibido. E, por incrível que pareça, até hoje o governo não regulamentou os contratos de fornecimento de conteúdo. Quem já teve acesso a um contrato desses, sabe bem do que estou falando.
É mais ou menos como aquela história do escorpião que queria atravessar um rio mas, como não sabia nadar, pediu carona ao sapo. Este, desconfiado, perguntou: “Mas e se você me picar”? Ao que o escorpião respondeu: “Pode ficar tranqüilo, não vou te picar porque se não você morre e eu morro junto”. No final da travessia, quando não havia mais perigo de afogamento, o sapo sentiu a picada mortal. “Mas você não disse que não iria me picar”? “Desculpe, é que eu não resisti”.
Pois é, as operadoras empurram para os assinantes os pacotes que são obrigadas a comprar das programadoras, numa relação nada amistosa, e estas não resistem a impor condições leoninas (no caso, escorpianas). É por isso que você recebe em sua casa tantos canais a que nunca assiste. E é por isso também que aqueles mesmos filmes são repetidos dezenas de vezes!
Voltaremos ao assunto em breve.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Realmente, não temos opção de escolha e a repetição de filmes é uma chatice mesmo. Vc está coberto de razão Orlando.

  • Só digo uma coisa:FUJAM DA SKY HD. Abusam dos preços e não temos para quem reclamar, como foi dito acima.

  • Os comentários acima estão cobertos de razão. Infelizmente, aqui no Brasil, somos obrigados a engolir "sapos" de quaisquer tamanhos sem reclamar. Como foi citado acima, a Sky HD pratica preços exorbitantes que, anualmente, poderíamos comprar um televisor de 52" FULL HD. Mesmo que reclamemos, não existe "NINGUÉM" que nos ajude uma vez que, no nosso "BRASIL VARONIL", quem manda, sempre, são os grandes empresários.

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Orlando Barrozo

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