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O Supremo e a TV Digital

O Supremo Tribunal Federal pode causar um terremoto na televisão brasileira, se acolher os argumentos da Procuradoria Geral da República contra o decreto que implantou o sistema digital no País. A questão é complexa, e excessivamente jurídica (os detalhes podem ser conferidos neste texto do site Tela Viva). Vou tentar resumir aqui.

O Sistema Brasileiro de TV Digital surgiu através de decreto do presidente Lula, assinado em junho de 2007. Como se recorda, foi um processo tão conturbado e polêmico que o texto final do decreto acabou saindo com erros. O mais grave deles, conforme se vê agora, foi usar o termo “consignação” – e não “concessão”, como manda a Constituição – para a outorga de canais digitais às emissoras. Uma concessão teria que ser aprovada pelo Congresso, o que não foi feito. Mas distribuir canais de televisão é algo que o governo não pode fazer a seu bel-prazer, questiona a Procuradoria, que emitiu parecer nesse sentido, a propósito de uma ação do PSOL que está tramitando no Supremo.

No parecer, a Procuradoria argumenta ainda contra o conceito de multiprogramação adotado pelo governo. No padrão digital, cada emissora (concessionária de um canal analógico) ganha de presente seis canais digitais! Isso fará aumentar a concentração no setor, quando o certo seria redistribuir esses novos canais para que outras empresas pudessem se candidatar às concessões. Digo, “certo” do ponto de vista do interesse público. E mais: TV Digital envolve interatividade e, portanto, é um serviço distinto de TV Analógica, dizem os procuradores.

Bem, nada disso é novidade. O governo correu feito louco para aprovar o decreto da TV Digital porque era pressionado pelas emissoras e precisava do apoio delas na campanha eleitoral de 2006, lembram-se? Na época, vários especialistas apontaram essas falhas. Vamos ver agora como se pronuncia o Supremo. As disputas de bastidores já começaram.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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