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Celular com TV: quem vai querer?

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior deve derrubar, nas próximas semanas, a portaria que obriga os fabricantes de celulares a destinar pelo menos 5% de sua produção em Manaus aos modelos com receptor de TV Digital. Hoje, somente três empresas disputam esse nicho de mercado: STI (Semp Toshiba), Samsung e LG. São os modelos mais caros e, portanto, acessíveis a uma minoria. Daí o absurdo de se querer obrigar os fabricantes a atingir os tais 5%: as vendas não chegam sequer a 1%!!! Na semana passada, executivos dessas três empresas e também de outras que planejam lançar esse tipo de celular em 2010 (como Nokia, Motorola e Sony Ericsson) estiveram no Ministério para pedir a suspensão da portaria que nem deveria ter sido assinada. O receio é que, se não cumprirem a medida, os fabricantes correm o risco de perder os incentivos fiscais de Manaus – nesse caso, a maioria deles simplesmente deixaria de fabricar celulares.

O mais incrível é que o texto foi aprovado em conjunto por três ministérios (também os das Comunicações e de Ciência e Tecnologia), sem que ninguém atentasse para o nonsense da medida. Como se sabe, o Brasil é um dos maiores mercados mundiais de celulares. Mas dos modelos populares, muitos deles rifados pelas operadoras em promoções que estão todo dia na mídia. Celular para ver TV é algo que não interessa a essas empresas: a captação do sinal é gratuita (porque vem da TV aberta), e enquanto está vendo TV o usuário não faz aquilo que as operadoras mais gostam – falar ao telefone. Vai ser difícil, portanto, conseguir que elas subsidiem a compra de celular com receptor de TV, por mais que esse produto tenha apelo comercial.

A pergunta que fica é: será que ninguém no governo pensou nisso antes de aprovar a bendita portaria?

Para quem quiser entender um pouco melhor esse mercado, recomendo o site da Teleco, empresa que analisa as tendências e faz excelentes pesquisas no setor.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Orlando, para embolar ainda mais o meio de campo há o enorme mercado de aparelhos celulares contrabandeados da China (pelos métodos que conhecemos) com receptores de TV. Antes analógicos, agora começam a surgir os aparelhos com receptores digitais, compatíveis com nosso padrão.

    Já tive a oportunidade de lidar com vários e eles são muito, muito ruins. Isso sem falar na falta completa de certificações e testes que provem que não emitem RF excessiva, são fabricados com materiais não contaminantes, etc.

    O sistema e interface destes aparelhos são simplórios e repletos de bugs conceituais e de programação. Por terem receptores de TV, serem capazes de receber dois chips (duas linhas) e custarem menos de R$ 300,00, vendem muito! Sempre a margem da lei, claro, e prejudicando os fabricantes instalados por aqui.

    Abraços,

    Julio Cohen

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Orlando Barrozo

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