Conversando com alguns executivos da indústria, fiquei com a impressão de que o 3D está saindo meio a fórceps, como modo de se contrapor à crise que já cortou tantas cabeças. A indústria precisa de novidades, e esta é uma das melhores. Há também a pressão do pessoal de Hollywood, que vê suas receitas caírem continuamente por causa da internet. Eles enxergam o 3D como um mantra, uma tecnologia com o poder de, ao mesmo tempo, encantar o consumidor e espantar os piratas. Só neste final de ano estão saindo cinco superproduções de cinema em 3D, e segundo Fujio Nishida, presidente da Sony Europa, nos últimos três anos o número de cinemas equipados para projetar esse tipo de filme aumentou nada menos do que 30 vezes! E continua aumentando. Sinal de que os exibidores (donos dos cinemas) também apostam nisso.
Mas a indústria terá que lidar com pelo menos três problemas. Primeiro (e sempre ele), o custo: fazer filmes e vídeos em 3D é muito, muito caro. Os televisores em si não precisarão custar muito mais do que os convencionais: basta adicionar a eles um software de leitura do sinal dobrado (metade para o olho esquerdo e metade para o direito), que é o segredo do 3D. Mas produzir conteúdos interessantes com essa tecnologia exige criatividade e uma montanha de dinheiro.
O segundo ponto é de caráter prático: as pessoas terão de se acostumar a usar os tais óculos polarizados. Digo por experiência própria: é muito bom nos primeiros cinco minutos, mas depois chega a dar naúsea! E quando se tira o óculos demora para os olhos se adaptarem à vida normal. Talvez o problema seja comigo, tudo bem. Um dos executivos com quem conversei lembrou: o 3D já existe há mais de 20 anos, e sempre com esses óculos ridículos! O consumidor tem o direito de perguntar: depois de tanto tempo, não conseguiram nada além disso?
Mas há ainda um terceiro problema, este sim difícil de resolver: o sinal 3D consome muita banda. Se a idéia é integrar TV e internet, como tanto se fala (e acho que é por aí mesmo), de que largura de banda iremos precisar para ver um filme, ou baixar um vídeo que seja, em 3D? Perguntei isso a dois especialistas, e nenhum deles soube responder. Vou continuar perguntando.
Mas, que venha o 3D!
Para quem quiser se aprofundar no tema, recomendo estes dois artigos:
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Orlando, nào ponho muita fé nesta tecnologia 3D. Apesar de ser uma novidade e talvez interesse às criancás e jovens, não acho que haja tanto apelo para adultos. Talvez para filmes de animação e filmes de extrema ação e de efeitos especiais tenha algum sucesso, mas fica só nisto. Você viu as duas salas de exibição 3D da Panasonic na IFA? O que achou das demonstrações? E a CEDIA, você estara lá a partir da próxima semana, fazendo a cobertura?
Olá Ronaldo, vi apenas uma das salas da Panasonic. Quero ver a outra hoje ou amanhã. Na CEDIA, não vou desta vez, vai meu colega Eduardo Bonjoch. Abs e obrigado pelos comentários.
O 3D ainda é algo que vejo mara um futuro entre médio e longo prazo devido aos problemas que o Orlando citou como a largura de banda necessária,mas principalmente os óculos que ainda são necessários,são de difícil adaptação(em mim além de vertigens causam crises de enxaqueca) o que mostra que a tecnologia neles ainda é incipiente e tem muito ainda a ser desenvolvidos o que demandará ainda bastante tempo pois existem há mais de 20 anos e ainda não está resolvido.Outra dificuldade é que haverá necessidade de óculos para toda a família,para os amigos e convidados para sua sessão de cinema.Haja óculos!
Pelo visto ainda seremos cobaias de experimentos em 3D até não dar mais. É um conceito que, apesar de ter seus 20 aninhos, ainda engatinha como bebê. Acredito que 3D de verdade vai ser mais agradável de ver sem acessórios oculares. O ideal seria trabalhar isso na indústria de games e informática, deixar a coisa ir amadurecendo e só depois avançarmos para a utilização em home-theaters.