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A nova fábrica de sonhos

A Sharp inaugurou ontem a maior fábrica de painéis LCD do mundo, na cidade de Sakai, interior do Japão. É a primeira capaz de produzir painéis da chamada geração 10G, em que o substrato – componente básico do painel, onde são aplicados os cristais líquidos – pode ser cortado em diversos tamanhos. Os substratos mais avançados produzidos atualmente permitem fabricar, por exemplo, oito TVs de 40″ cada um; os novos, que começarão a sair da fábrica de Sakai a partir de março, comportam até 15 TVs desse tamanho, ou seis de 60″.

Bem, mas que diferença isso faz para o consumidor? O preço, diz a Sharp. Produzindo mais painéis por substrato, a empresa acha que ganhará em escala e poderá reduzir o custo final dos TVs. Estive na fábrica atual da Sharp no ano passado e fiquei maravilhado com o que vi (infelizmente, não me deixaram filmar nem fotografar, parecia tudo segredo de estado). Os substratos são manejados apenas por robôs, sem mãos humanas, e há até um complexo esquema de prevenção contra terremotos (foto acima), muito comuns no Japão, como se sabe. Os painéis são tão finos que qualquer vibração pode trincá-los – e aí não há o que fazer, é lixo na certa. Este, aliás, é um dos motivos, segundo pude apurar na última IFA, pelos quais a Sony interrompeu a fabricação de displays OLED. A taxa de perda na fábrica chegava a 60%, ou seja, de cada dez painéis produzidos seis não podiam ser utilizados. Raciocinando em larga escala, um negócio como esse torna-se inviável.

Voltando à Sharp, na mesma fábrica de Sakai (ao lado) serão produzidos vidros especiais para os TVs LED-LCD que a empresa pretende lançar a partir do ano que vem. Ao contrário dos fabricantes coreanos, a Sharp não pretende adotar a tecnologia Edge-lit, na qual os leds são montados nas bordas do painel de LCD, mas sim o que chama de “Full-LED” (outros chamam de “Local Dimming”), com as lâmpadas cobrindo toda a superfície por trás do painel. É o mesmo processo usado pela Sony e pela Toshiba; os japoneses realmente acham que isso fará muita diferença na hora em que os consumidores puderem comparar lado a lado os dois tipos de TV (o site americano CNET, por sinal, já comparou). Claro, resta ver a questão do preço final, mas essa é outra conversa.

Como viram, evitei usar a expressão “TV de LED” até agora. Continuamos na era dos “LCDs com backlight de LED”, variando apenas a forma como os leds são montados. Claro que voltaremos a falar do assunto em breve, mas para quem quiser saber mais, este interessante vídeo mostra detalhes.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Os investidores da Sharp não levaro em consideração as ações da natureza!

    Espero que tenha feito um reseguro dessa plataforma fabril.

  • Aí o Sr. Sem Cerebro da Sharp Brasil tem uma politica de comercialização mais burocratica que na antiga União Sovietica... Lá investem em produtos, aqui desinvestem em pessoas.

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