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Nossas cidades digitais

Quando estudante, era comum ouvirmos que tudo no Brasil era o melhor da América Latina. Tínhamos o melhor café, a maior indústria, os melhores carros etc. Hoje, perdemos no café e, como diz aquela propaganda famosa, também nos concursos de Miss Universo!

Lembrei dessa história ao ler que a cidade de São Paulo foi eleita “a mais digitalizada” da América Latina, segundo levantamento divulgado pela Motorola em 15 países do continente. O estudo lista as 150 cidades onde os recursos digitais são mais usados, e a capital paulista ganhou com base em parâmetros como serviços públicos prestados via internet, políticas de inclusão digital e uso intensivo de telemedicina e tele-segurança. Contaram pontos, por exemplo, idéias como a nota fiscal eletrônica, a implantação de telecentros e cursos de alfabetização digital. Curioso é que, das 150 cidades listadas, os pesquisadores indicaram as 25 melhores, e nesta lista há somente uma outra cidade brasileira: Salvador, em 12° lugar. Ou seja, o País tem apenas dois municípios entre 25, embora carregue também a campeã de todas. Para dar idéia do que isso significa, basta dizer que o México tem 7 cidades entre as 25 mais, e o Chile tem 6.

Ressalvando que esse tipo de pesquisa é sempre sujeito a interpretações variadas, e sem querer estragar a festa de ninguém, não deixa de ser um sinal preocupante. Com a população que tem – e o governo se vangloriando de caminhar para ser a quinta maior economia do mundo – o Brasil deveria ter várias cidades bem avaliadas pelo uso da tecnologia, certo? Não custa lembrar que, ao lado de toda a sua suposta digitalização, a capital paulista é campeã em engarrafamentos e, nos últimos meses, enchentes e lixo nas ruas. Confirmando o absurdo contraste social em que vivemos.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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