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Banda larga brasileira: vergonha

Reportagem de Robinson dos Santos, semana passada no IDG Now, revela como o Brasil está atrasado na implantação de redes de banda larga e por que isso acontece. Ele se baseia no relatório Barômetro Cisco de Banda Larga 2005-2010, um dos mais detalhados levantamentos do setor, que traz indicadores que – para lembrar uma antiga peça de teatro – seriam cômicos se não fossem trágicos. Talvez seja suficiente citar que, enquanto o Uruguai possui 9,97 assinantes para cada 100 habitantes, o Brasil tem apenas 5,98!!!

O relatório vai fundo na análise do problema. Segundo Anderson Abreu, diretor da Cisco, o principal fator que trava o crescimento da banda larga no País é o fato de que as operadoras concentram-se nas cidades onde o lucro é fácil (entre 200 e 300), deixando de investir nos outros mais de 5 mil municípios brasileiros. “Instalar fibra [óptica] não é uma coisa barata”, diz Abreu, como que a justificar a postura das teles. Mas, lendo com mais atenção o relatório, descobre-se que a falta de uma política pública – como existe no Chile, por exemplo – e o alto custo das conexões são, estes sim, os maiores obstáculos.

Coincidentemente, neste domingo meu colega Ethevaldo Siqueira comenta no Estadão um estudo recente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), intitulado “Análise e Recomendações para as Políticas Públicas de Massificação de Acesso à Internet em Banda Larga”. Notem que o IPEA é um órgão federal, dirigido pelo economista Marcio Pochmann, da Unicamp, um dos mais ardorosos defensores do atual governo. O estudo define a situação da banda larga brasileira como “alarmante”, lembrando que o País, embora esteja entre as dez maiores economias do mundo, ocupa a posição de número 60 no ranking da UIT (União Internacional de Telecomunicações).

Ainda estou absorvendo essa enorme quantidade de informações contidas nos dois relatórios. Como jornalista especializado, sinto-me na obrigação de ler tudo que puder a rspeito. Infelizmente, não é o que se vê por aí, inclusive dentro do governo, onde se faz muita política (ou politicagem?) e pouco além disso. Ethevaldo, irônico, recomenda que o presidente Lula leia o estudo do IPEA – que, afinal, é um órgão governamental, pago com dinheiro público. É querer demais! Se ele, pelo menos, nomeasse técnicos que lêem, já seria um grande avanço.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Até agora só li bla bla bla, tanto de comentaristas, institutos e outros.
    Ninguém tem informações mais detalhadas, como: 1. Tipo de modem, 2. Cabos de conexões, 3. Velocidade e outros acessórios para tal uso, 4. Qual o custo de tal parafernália ao consumidor?
    Muito fácil escrever, mas difícil esclarecer!
    Uma salva de palmas e vais a todos.

  • Prezado Orlando,

    Você deve se lembrar que logo depois da 2ª guerra Mundial os americanos vieram ao Brasil e fizeram um estudo sobre a infraestrura que o país tinha e propuseram uma nova para enfrentar os desafios do futuro crescimento.
    Um dos itens eram as vias de comunicação por terra, ar e mar... até hoje estamos carentes de estradas físicas.
    As estradas reais são péssimas e parece que as estradas virtuais também o serão?
    Quem não tem estrada não vai longe, já dizia o cabloco.
    Sessenta anos depois estamos no mesmo dilema: Ou o Brasil tem banda larga competitiva ou não vamos acompanhar o rítmo de crescimento que precisamos e poderemos ter.

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Orlando Barrozo

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