Perdi o bonde da engraçadíssima polêmica envolvendo a TV Globo e sua cobertura – ou tentativa – da Copa do Mundo. Só hoje é que fui me inteirar do que aconteceu ao longo da semana. Pode parecer que não tem a ver com o assunto deste blog, mas tem sim. Aliás, tem a ver com o próprio conceito de liberdade de expressão. Primeiro, a parte engraçada. Os vídeos que circulam no YouTube confirmam que brasileiro, além de bom no futebol, tem uma criatividade ímpar para ridicularizar pessoas que merecem ser ridicularizadas, como é o caso do treinador Dunga. Claro que não vou aqui discutir seus méritos ou defeitos profissionais, porque não é meu papel. Mas sua postura arrogante, como aliás a postura de boa parte dos treinadores e dirigentes de futebol, é algo que faz um mal enorme ao País. Digo isso porque, mesmo com tantas agressões à imprensa, esta se curva a ele como diante de um Deus supremo. E, se o Brasil for campeão, são capazes de voltar a chamá-lo de “líder nato” e outras bobagens do tipo.
Numa prova da pobreza intelectual em que vivemos, os palavrões dirigidos por Dunga a um jornalista da emissora deram motivo a um movimento anti-Globo, via twitter, incluindo uma história inventada sobre tráfico de influência junto ao presidente da CBF. Criaram uma campanha para que as pessoas não assistissem aos jogos da seleção na Globo, o que – diz o o site especializado Comunique-se – não se confirmou nesta sexta-feira: a transmissão bateu recorde de audiência. Antes, as mesmas pessoas que lideraram esse movimento haviam lançado o “Cala a boca Galvão”, com repercussão internacional, daí porque talvez tenham se sentido inspiradas a novas campanhas contra a emissora.
Não tenho procuração aqui para defender a Globo, muito menos Galvão Bueno, mas essa história de cala a boca me faz lembrar censura e ditadura. Anos atrás, houve na imprensa algo semelhante, quando lançaram a frase “O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo”, devido à posição da emissora nas eleições de 1989 (quando apoiou Collor contra Lula). Se Dunga não quer deixar seus jogadores darem entrevista, isso mostra apenas que ele não confia nos seus comandados. Mas é um direito seu. Cabe aos jornalistas, não só da Globo, tentarem furar essa proibição cretina. Agora, desrespeitar pessoas que estão trabalhando já é falta de educação – algo que, como dizia minha avó, vem de berço.
O pior, a meu ver, é perderem tanto tempo com essa polêmica idiota. Coisa de gente que Nelson Rodrigues identificou como “a pátria de chuteiras”. Pátria, para mim, é coisa muito mais séria.
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