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Blockbuster, chegando ao fim

Ao que tudo indica, a próxima vítima da popularização da internet será a Blockbuster, maior rede de videolocadoras do planeta. O jornal Los Angeles Times revelou em detalhes o esquema que está sendo negociado junto aos credores – a dívida da empresa já passa de US$ 1,1 bilhão – e aos estúdios de Hollywood. A ideia é recorrer ao famoso Capítulo 11 (Chapter 11), item da legislação americana que equivale à antiga concordata brasileira. Para a Justiça aceitar, é preciso que os credores concordem. No caso de uma rede de lojas, o acerto é mais complexo; além dos fornecedores de filmes e equipamentos, e dos funcionários, envolve também os donos das lojas, a maioria delas alugada.

No seu auge, a Blockbuster chegou a ter cerca de 4 mil lojas espalhadas por vários países, inclusive o Brasil. Aos poucos, foi se desfazendo desses ativos fora dos EUA. Aqui, por exemplo, as lojas (aproximadamente 80) foram assumidas pelo grupo GP, o mesmo que é dono da Lojas Americanas (além de Americanas.com e Submarino), que ficou com o direito de uso da marca “Blockbuster”. Só nos últimos doze meses, a rede fechou 1.000 lojas; restam outras 1.000, quase todas no prejuízo. Imaginem como está a cabeça de quem alugou seus imóveis para a rede que já foi símbolo do negócio de home video! Além da dívida já acumulada, corre ainda uma conta de juros que passa dos US$ 900 milhões anuais. Um quadro tão tenebroso que é de se perguntar: como deixaram chegar a esse ponto?

Para os estúdios, a crise da Blockbuster é preocupante não apenas por estarem perdendo seu maior cliente. Significa que ficarão ainda mais dependentes da Netflix, locadora virtual que cresceu espantosamente nos últimos dois anos, e da Redbox, rede de quiosques onde os filmes são alugados quase de graça (diária de 1 dólar). As mesmas duas empresas foram apontadas como causadoras da falência da Movie Gallery, no ano passado, segunda maior rede de locadoras dos EUA. Portanto, os estúdios pretendem apoiar a Blockbuster enquanto for possível. Já concordaram em não cobrar juros até 30 de setembro; falta agora saber o que dirão os demais credores.

Os executivos dessas empresas devem estar se perguntando: se está ruim com ela, não ficará pior sem ela?

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Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • essa morte já foi anunciada a muito tempo.
    A estrutura da Blockbuster era totalmente fora dos padrões atuais. Ela não soube se adaptar ao novo modelo de negócio.
    É uma pena.

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Orlando Barrozo

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