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Trem aqui não precisa de bala

Tenho lido a respeito dessa história de trem-bala ligando Campinas ao Rio de Janeiro, e lembrei disso hoje, quando estava no trem a caminho da IFA. É um trecho curto a partir do hotel onde estou hospedado: apenas quatro estações, que o trem percorre em exatos sete minutos. Digo exatos porque fiquei marcando no relógio ontem, e hoje de novo: nem um minuto a mais ou a menos. Na estação, o aviso com a escala de horários dos trens é mais ou menos assim: 10h37, 10h43, 10h48… Cada trem tem um destino, mas todos chegam exatamente no horário que devem chegar.

Bem, mas o que isso tem a ver com o “nosso” trem-bala? A simplicidade. Já andei muito de trem na Europa, e um pouco também no Japão. Tive a oportunidade de experimentar trens de alta velocidade em vários países. É realmente espetacular. Mas, com o perdão do trocadilho fora de hora, acho que é muita melancia para o nosso caminhão (ou trem?) brasileiro. O metrô de São Paulo é provavelmente um dos mais limpos e confortáveis do mundo, mas não leva grande parte das pessoas aonde elas precisam ir. O metrô de Nova York é horrível, mas lá ninguém precisa de carro: dá para ir de trem (que se liga com o metrô) a qualquer lugar que um novaiorquino precise (ou deseje) ir.

Desculpem a divagação, mas – como um dos milhões de motoristas que todo dia sofrem no trânsito paulistano – gostaria de ter apenas… um trem como este aqui de Berlim. Simples, sem “bala” nenhuma, mas que chega e parte na hora certa e leva as pessoas para onde elas têm que ir. Trem-bala pra quê? Se tivéssemos apenas uns trenzinhos decentes circulando pelas cidades brasileiras, com segurança e cumprindo bem os horários, já estaríamos felizes.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Sem falar que trens modernos comuns já conseguem atingir velocidades razoavelmente elevadas. Por uma fração do custo de um trem-bala.

    Mas sabemos que essa obra do trem bala tem apenas fins eleitoreiros e outros talvez menos publicáveis. O fato é que o povo embarca na onda, sem saber que é ele o maior prejudicado. E assim temos um país pobre, com altíssimo déficit em educação, saúde, segurança, saneamento básico e transporte, torrando uma grana estratosférica em uma obra totalmente dispensável e de sucesso duvidoso.

    É o Brasil-sil-sil...

  • Caro Orlando

    Aqui, na família, trabalhamos com ferrovias desde 1969 e podemos dizer com absoluta certeza que os valores divulgados pelo governo para a implantação do trem-bala seria mais do que suficiente para reduzir ou acabar com os "nós" do transporte público em MUITAS capitais brasileiras... Isso sem falar na obras paradas, com a do metrô de Salvador, que nem o PAC (programa de aceleração da corrupção) conseguiu desempacar.

    A grana seria suficiente para privilegiar o tranporte de massa, que é o que precisamos, em detrimento ao investimentos para o transporte individual. E nem entramos na questão do transporte de cargas, os caminhões com excesso de carga nas estradas assassinas, etc, etc.

    Aproveite a feira!

    Abs

    Julio Cohen

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Orlando Barrozo

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