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Brasil e Russia, muy amigos.

De volta ao Brasil, me deparo com um caderno especial encartado no Estadão desta segunda-feira, com o título “Gazeta Russa”. Sim, oito páginas falando apenas sobre assuntos de interesse dos russos, ou de quem estuda o país, mas escritas em português. Curioso, fui conferir: trata-se de “suplemento comercial”, ou seja, alguém ligado ao país de Dostoievsky pagou para publicar. Como se explica?

Não é tão simples, mas tem sua lógica. Brasil e Rússia fazem parte do chamado BRIC, grupo de potências econômicas emergentes que inclui ainda Índia e China – daí a sigla, com as iniciais de cada país. Ambos vêm se destacando na economia mundial por manterem um nível de consumo acima do chamado Primeiro Mundo, e com perspectivas reais de ampliar esse desempenho. E cada um enxerga no outro oportunidades de expansão comercial – embora uma das matérias do Caderno destaque que o presidente russo considera “prioridade” a cooperação comercial com Estados Unidos e União Europeia. A conclusão é que os russos querem mostrar aos empresários brasileiros que estão de olho em negócios por aqui e, ao mesmo tempo, abertos a investimentos por lá.

A leitura me fez lembrar o taxista que, em Berlim, me levou na quinta-feira ao aeroporto. Era russo. Mais do que isso: comunista convicto e fã incondicional de Lula. Passou a corrida inteira tentando me convencer de que a política do bolsa-família e demais esmolas distribuídas pelo governo brasileiro está correta. E que corrupção, excesso de impostos, miséria, má educação, descaso com a saúde etc. são todos problemas antigos, que não há como resolver. Ou seja, Lula não tem culpa nenhuma em nada disso. Depois de três ou quatro tentativas, desisti de argumentar. Me dei conta de que estava diante de um comunista no velho estilo. Daqueles que acham que alguém precisa proteger o povo, tão oprimido pelas elites. E que esse alguém deve ser uma pessoa com plenos poderes, acima do bem e do mal, como são Lula e Putin, o líder russo do momento. No fundo, duas faces da mesma moeda: o populismo, disfarçado de democracia.

Curioso que o Estadão fez questão de colocar, logo na primeira página do Caderno: “Este suplemento foi produzido… sem envolvimento de O Estado de S. Paulo”. Mais curioso ainda é terem escolhido justamente o Estadão, de sólidas tradições anticomunistas, para publicar esse material. Como o mundo mudou…

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • O que os dois tem em comum? São bonequinhos de fantoche. Um do José Dirceu e o outro é do Putin. os dois que realmente mandam nestes dois países disfarçados de democracia.

  • o Brasil deveria ser comparado a Alemanha dos anos 30. Um lider com altissima popularidade, que não deixa o povo pensar (ele pensava por eles). Passa todo o seu governo culpando os outros e culpando o passado pelas desgraças trasncorridas. Um partido substitui o governo e coloca pessoas ligadas ao partido nos principais postos do governo. Oposição com medo e imprensa comprada na base da propaganda do Estado. Todos viram no que deu...

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