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Quem gosta (mesmo) do Brasil?

A pergunta acima é feita pelo The Wall Street Journal, a propósito do episódio de ontem envolvendo a Apple, a Foxconn e o governo brasileiro. O jornal ridiculariza as declarações da presidente Dilma Roussef sobre a possível instalação de uma fábrica de iPad no Brasil. Como dissemos ontem, esse pode até ser um desejo de Dilma e de muitos brasileiros, mas não encontra base na realidade.

Segundo o Journal, o comunicado divulgado ontem pela Foxconn, logo após as declarações de Dilma, foi uma forma diplomática de desmenti-la. Terry Gou, fundador e presidente da empresa, não morre de amores pelo Brasil, como deixa claro em entrevista concedida ao jornal americano no final do ano passado. Quando lhe perguntaram se nosso país seria um futuro rival da China como sede de suas fábricas, ele foi mais do que irônico: “Os trabalhadores brasileiros ganham muito bem. E basta alguém gritar ‘futebol’ que eles param de trabalhar. Pode ser muito bom para o mercado local, mas se você quer exportar para os EUA leva mais tempo e custa mais caro do que produzir na China”.

A conclusão é que mr. Gou deve ter ouvido com atenção os pedidos de Dilma para investir no Brasil, mas apenas por delicadeza. Não há, pelo menos por ora, a menor possibilidade de investir US$ 12 bilhões aqui, por mais que essa notícia soe simpática. A Foxconn possui unidades de produção em pelo menos uma dezena de países onde faria mais sentido esse investimento, inclusive o México, que fica colado aos EUA. E, a bem da verdade, para vender no mercado brasileiro a Apple não precisa ter uma montadora aqui – como sabem os milhares de usuários de iPod, iPhone e iPad que existem por aí.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • tentei explicar resumidamenta para um amigo americano (que tambem é advogado) que além dos impostos sobre a importacao dos produtose impostos sobre o frete, pagamos um imposto sobre o valor que compramos do distribuidor (substituicao tributaria) e um imposto sobre o valor vendido (simples!). e assim nos produtos ficam de 100 a 300% mais caros. ele perguntou para onde vai este dinheiro! como respondi que nao ia para a saude, nem para a educacao e nem para a seguranca, ele concluiu que nao somo un povo serio! só um idiota para gostar do Brasil!

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