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E o show continua…

Comentei aqui anteontem sobre a repercussão da morte de Bin Laden via redes sociais, mas não imaginava a que ponto chegaríamos. Nestes dois dias, Twitter, YouTube e blogs em geral foram infestados por expressões daquilo que de mais hipócrita o ser humano pode produzir. De um lado, pessoas comemorando – como se morte fosse motivo para festa; de outro, manifestações de pesar ignorando o passado do morto ou, pior, justificando seus atos.

Sinceramente, querer que os agentes americanos pedissem licença para atirar contra Bin Laden é de uma estupidez indecente. Ele estaria armado? Desarmado? Ao lado da mulher e dos filhos? O corpo foi atirado ao mar? Que diferença fazem as respostas? A meu ver, as reações publicadas na imprensa misturam o antiamericanismo de botequim, muito comum no Brasil, com a falsa piedade perante derrotados de qualquer quilate. Em alguns casos, como o de certas figuras ditas “de esquerda”, pode-se acrescentar aí o oportunismo político de querer faturar com a desgraça alheia. Li, por exemplo, Frei Beto argumentar que o líder da Al Qaeda merecia ser processado e julgado como todo preso político. O mesmo Frei Beto que, no 11 de setembro de 2001, dizia que os atentados eram, não um crime, mas uma resposta à política americana no Oriente Médio!

No fundo, é tudo mesmo um show. Vídeos e fotos de Bin Laden morto circulam às pencas pela internet. Telejornais exploram o tema freneticamente, deixando para trás a última atração que foi o casamento real. E, enquanto a mídia não cansa de exibir as imagens – falsas ou não – do episódio, políticos, blogueiros, “intelectuais” (as aspas são necessárias) e outros aproveitadores equiparam-se a ratos e urubus em busca das migalhas que lhes cabem na tragédia.

Um terrorista foi morto, mas o terrorismo continua nos ameaçando. Assim como os rapineiros da notícia.

A propósito, recomendo este excelente artigo de Augusto Nunes. Assino embaixo.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Fiquei chateado com a morte do Bin.Era para mim,a última esperança de ver resolvida a questão da corrupção dos meios políticos no Brasil.Essa esperança repousava na expectativa de que o terrorista desse"uma incerta" lá por Brasilia...(Rs)

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