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O governo e a cultura da inovação

Faz bem o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quando incentiva as empresas a investir em inovação, como fez hoje, mais uma vez, durante a reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). De fato, este é um país com pouquíssima tradição em inovar, a não ser nas artes da malandragem.

Nossos hackers estão entre os mais criativos do mundo, a ponto de outro dia o próprio ministro chamá-los para trabalhar no governo! Nosso crime organizado também rivaliza com as máfias internacionais. E nossos políticos, sindicalistas e dirigentes de futebol estão entre os mais avançados na montagem de fraudes e assaltos ao dinheiro (do) público. Sim, temos também alguns dos mais brilhantes tributaristas do planeta, muitos prestando relevantes serviços ao Estado e criando o mais complexo sistema tributário de que se tem notícia, a ponto de afugentar empresas que gostariam de investir aqui.

No entanto, são raríssimos os casos de empresas que inovam – muitas, aliás, vivem mais de copiar o que alguém já fez (ou faz), sem a menor cerimônia. Segundo Mercadante, 2/3 dos investimentos em P&D (pesquisa & desenvolvimento) no Brasil são feitos pelo governo. “Enquanto não se mudar isso, o país não deslancha”, afirmou.

Não sei se os números são confiáveis – não consta que Mercadante tenha jamais sido empresário, para saber quanto de fato custa investir em inovação. Mas o governo poderia começar, se quiser mesmo dar incentivos, estudando a redução da carga tributária para setores com potencial inovador. E usar seus bancos (BB, CEF, BNDES) para financiar essas atividades, em vez de dar dinheiro aos grandes grupos econômicos como temos visto nos últimos anos.

Aí, sim, poderíamos começar a pensar em inovação.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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