De tanto falar no assunto, Tapscott acabou se tornando uma espécie de guru da nova consciência digital. É recebido com tapetes vermelhos por grandes empresas e entidades mundo afora. Agora, volta suas atenções para países como o Brasil, com enorme potencial de desenvolvimento, mas baixo nível educacional e de engajamento. Sua tese é de que os novos meios tecnológicos facilitam, e até incentivam, a maior participação das pessoas nos processos de decisão, incluindo aí um crescente poder de pressão sobre os governantes.
Em entrevista recente à Folha de São Paulo, Tapscott repetiu o que já diz em seu último livro: a internet e os meios de comunicação digitais podem ajudar a acabar com as “instituições falidas” que hoje dominam as empresas e os governos. Alguns de seus pensamentos:
“Os governos devem estimular o uso da tecnologia e a transparência administrativa, pois os benefícios poderão ser compartilhados por todos os cidadãos e empresas”.
“É papel dos educadores se adaptar às novas gerações, e não exigir dos jovens que se adaptem à estrutura viciada das escolas. Estas, em sua maioria, ainda atuam e estão estruturadas como no início do século passado”.
“Assim como as indústrias precisam repensar seu negócio em nome da sustentabilidade e da defesa do meio ambiente, a maioria das empresas precisa reavaliar o modo como são administradas. Devem ser mais abertas e apostar na capacidade de inovação de seus funcionários, além de interagir mais com as comunidades onde estão instaladas”.
“Quanto mais aberto é um país, mais fácil será vencer a corrida pela inovação tecnológica. O governo centralizado (como na China) é um problema, assim como a falta de infraestrutura básica (caso da Índia). O Brasil pode vir a ser o líder nessa corrida”.
Como se vê, são ideias oportunas e otimistas – talvez otimistas demais. Vamos ver se algum governante brasileiro vai querer ouvi-lo (a sério) e, mais importante ainda, colocar em prática o que o homem diz.
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