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Fenômeno da nova mídia

“Kony 2012”, um vídeo com meia hora de duração sobre o líder rebelde africano Joseph Kony (foto), acusado de milhares de mortes e atrocidades, bateu esta semana o recorde mundial de visualizações na internet. Foram mais de 96 milhões de views em apenas seis dias – o recorde anterior, de 2009, era da cantora Susan Boyle, com 70 milhões no mesmo período de tempo.

Idealizado pelo americano Jason Russell, o vídeo se transformou assim no maior “viral” da História. Sem qualquer publicidade, espalhou-se como faísca pelas redes sociais, levando mais de 100 milhões de pessoas a assisti-lo, seja na telinha do computador, tablet, celular ou mesmo na TV. No vídeo, que pode ser assistido aqui, Russell lembra que hoje há mais pessoas conectadas ao Facebook (quase 1 bilhão) do que o número de habitantes no planeta 200 anos atrás. Graças ao FB e ao YouTube, toda essa gente ficou conhecendo Kony, um dos criminosos mais sanguinários dos últimos anos. Indiretamente, ajudam a capturá-lo.

Não é novidade que vídeos circulando pela internet se tornam fenômenos de audiência, muitas vezes sem explicação. A maioria deles, no entanto, é inflada pela presença de celebridades que nada têm a dizer e, por isso, se valem da tecnologia para se manter em evidência. O site Visible Measures, especializado em marketing, listou os 15 vídeos com maior número de visualizações até hoje – quase todos são desse tipo. “Kony 2012” é um marco na história da comunicação porque atingiu tanta gente tratando de uma tema sério e que deveria preocupar a todos, não apenas aos africanos. Sua proposta é envolver comunidades, mídia, líderes políticos e ativistas de todo o mundo até que Kony seja preso e julgado por seus crimes. Russell (foto acima) conta que, a princípio, o governo e o Congresso americanos não lhe deram muita atenção, até perceberem que, em ano de eleição, o assunto poderia lhes render votos.

Não faz mal. Pelo menos agora estão se mexendo. Para mim, essa é mais uma lição de como a tecnologia e as novas formas de comunicação podem ser usadas para o bem comum. Como sabemos, Facebook, YouTube, Twitter etc. já ajudaram a combater os traficantes e os terroristas na Colômbia e a derrubar os ditadores na África e no Oriente Médio. Está provado que podem ser muito mais úteis do que quando seus usuários se dedicam apenas a falar de flores e fazer promoção pessoal.

Aproveitando: sugiro este ótimo artigo do competente Pedro Doria, em O Globo, sobre a cobertura do que acontece atualmente na Siria pelas mídias sociais.

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Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • É verdade, uma pena que as atrocidades documentadas ocorreram há mais de dez anos atrás e que, atualmente, tais fatos tenham ficado no passado, assim como ficaram as atrocidades da II Guerra Mundial. Pena, também, que o dinheiro arrecadado pelos autores do vídeo seja, para dizer o mínimo, de duvidosa destinação, uma vez que, ao que parece, mais da metade é vertida para a realização de outros documentários (?), para não dizer embolsada pelos mesmos. De qualquer forma, tem o valor de chamar a atenção do mundo para os incontáveis problemas africanos, pois ditadores sanguinários como esse pululam naquele continente, sem que a comunidade internacional faça qualquer coisa de concreto para evitar. Abraço.

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Orlando Barrozo

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