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Quando o assinante quer fugir

Já comentamos aqui sobre o fenômeno que os americanos chamam cord-cutting. É quando o usuário de TV paga cancela sua assinatura para ficar com um dos serviços de filmes online, do tipo Netflix. Esse é um problema sério nos EUA, onde as redes de banda larga funcionam e a oferta de conteúdos de vídeo pela web é incrivelmente diversificada. Não é (ainda) no Brasil, por motivos óbvios.

Na sua incansável capacidade de simplificar as coisas, os americanos criaram também a expressão cord-shaving, referindo-se às pessoas que abrem mão dos pacotes mais caros de TV paga e os substituem por Netflix e congêneres, mas sem cancelar a assinatura. A diferença é sutil: enquanto uns não aceitam mais pagar pelos pacotes das operadoras, outros procuram conservar os dois serviços, mas com desembolso menor. Coisas do mundo capitalista, com aquela famosa lei que até hoje ninguém conseguiu revogar: oferta vs procura. Ganha quem oferece o melhor pacote de serviços pelo menor custo (se fosse aqui, talvez as operadoras já estivessem pedindo ajuda ao governo, mas essa é outra história…)

Importante é analisar por que os dois fenômenos acontecem – aliás, há ainda um terceiro grupo, chamado cord-nevers: são aqueles que jamais farão uma assinatura de TV (ou, pelo menos, dizem isso). O mais recente levantamento da empresa de pesquisas NPD, divulgado nesta terça-feira, revela que em 2013 houve queda de 6% no número de residências americanas que recebem algum serviço de TV paga, enquanto cresceu 4% o número de assinantes dos serviços chamados SVoD (Video-on-Demand por Assinatura).

Com isso, o maior mercado de pay-TV do mundo cai para 32%, que é o índice de penetração do serviço no país (número de assinantes sobre total de domicílios). Ou seja, chega bem próximo ao índice brasileiro, que pelos dados da Anatel referentes a novembro – ainda falta fechar o ano – está em torno de 30% (há países, como Argentina e Colômbia, onde esse índice supera os 80%).

A diferença, como sempre, está nos detalhes: no Brasil, segundo o Ibope, 57% dos assinantes usam a TV paga para ver os canais abertos (veja os detalhes). VoD, portanto, ainda é um nicho, preenchido – aparentemente muito bem – por serviços como Now. A maioria das tais 18 milhões de famílias que pagam uma assinatura ainda precisam aprender a diferenciar a Globo da Globosat, a Band da BandNews e assim por diante.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Acho bem interessante essas tendências externas que refletem algum tipo de movimento que pode ocorrer aqui no Brasil. Faço parte desse cord-shaving pois recentemente cancelei meu pacote Total HD Telecine pela NET e parti para o Total HD da GVT, muito mais barato (não só pela variável TV por assinatura mas no restante do triple-play). Como complemento, compartilho uma assinatura do Netflix com minha família e assino o Netmovies para fornecimento de mídia física via delivery.

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