Categories: Uncategorized

Oscar interage com o público

Pela primeira vez, a cerimônia de entrega do Oscar – que acontece no próximo domingo, em Los Angeles – poderá ser acompanhada no Brasil em várias plataformas de vídeo. O canal TNT, que tradicionalmente transmite o evento, está montando um esquema especial de cobertura envolvendo seu portal e as redes sociais. Além da transmissão convencional, em dois idiomas, áudio e vídeo poderão ser captados em dispositivos portáteis, com vários apresentadores brasileiros postando comentários em tempo real e até os telespectadores participando, via Twitter e Facebook.

Esses canais de comunicação online já são utilizados em larga escala nos EUA e em alguns países da Europa, para quase todo tipo de evento, como suporte às transmissões no modo tradicional. Quem é fã de determinado artista já pode, por exemplo, acompanhar ao vivo suas reações e comentários, em meio a um show ou gravação. A Premier League, liga inglesa de futebol, faz um trabalho admirável nesse aspecto, colocando jogadores e técnicos quase “cara a cara” com os torcedores.

No Brasil, o aproveitamento ainda é tímido, mas está evoluindo. Um caso marcante é o do tradicional programa de entrevistas Roda Viva, da TV Cultura-SP, geralmente transmitido ao vivo. Quem tem mais de 30 anos deve se lembrar que o “Roda” já viveu dias bem melhores. Mas uma de suas atrações atualmente poderia dar-lhe um enorme salto de qualidade: a participação do telespectador via Twitter. Pena que certas perguntas e/ou observações do público acabem não chegando aos entrevistados. Daria um tremendo dinamismo ao programa que, pelo próprio formato, às vezes acaba se tornando enfadonho (quando o entrevistado não tem muito a dizer, ou quando os entrevistadores são mal preparados).

O maior desafio da comunicação online está na chamada “curadoria”, que em jornalismo chamamos “edição”. Por mais que pareça simpático e democrático abrir os canais de comunicação, sempre será necessário algum tipo de “filtro”, que não pode (nem deve, jamais) ser confundido com “censura”. Um ou mais profissionais treinados, e com bom conhecimento do tema em destaque, podem tornar essa interação mais dinâmica e enriquecedora.

Como já disse o grande mestre do jornalismo brasileiro, Alberto Dines, “com ou sem papel, o papel do jornalista é indispensável”. Ou, para lembrar um antigo político americano: “Todo mundo tem direito a dar sua opinião. Agora, ser levado a sério é outra coisa”.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Quem vai bancar a energia da IA?

Em meio à avalanche de notícias sobre Inteligência Artificial, especialmente após a mudança de postura…

1 semana ago

Netflix e Samsung, agora abraçadas

Demorou, mas enfim a Netflix decidiu adotar - por enquanto, somente nos EUA e Canadá…

1 semana ago

“Adolescência”, uma série obrigatória

    Está em todas as redes: Adolescência, nova série da Netflix, é campeã mundial…

2 semanas ago

Está chegando a nova geração do HDMI

    A edição de março da revista HOME THEATER & CASA DIGITAL (que pode…

3 semanas ago

TCL e Hisense questionadas na Justiça dos EUA

Não deve ter sido coincidência, mas fato é que dois consumidores americanos - um da…

3 semanas ago

TV 3.0 também no satélite

      Um importante avanço pode estar a caminho no processo de implantação da…

4 semanas ago