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Brasileiros parecem satisfeitos

Protestos nas ruas e gritaria nas redes sociais podem fazer barulho, mas pelo menos no que se refere aos serviços de telecomunicações o consumidor brasileiro se diz satisfeito. A constatação, que parece contraditória, está numa pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada na semana passada e que ainda carece de melhores explicações. O IPEA criou a sigla SIPS para identificar esse tipo de trabalho: Sistema de Indicadores de Percepção Social. A ideia é aferir a percepção das pessoas quanto à qualidade dos serviços em geral – no caso, telefonia (fixa e celular), televisão (aberta e fechada) e internet.

À primeira vista, parece a história da sensação térmica: os termômetros marcam 30 graus, mas você sente 40!!! Se as operadoras ocupam, ao lado dos bancos, cartões de crédito e planos de saúde, a liderança nos índices de reclamações aos Procons, como a população pode se dizer satisfeita com os serviços? Fato é que, diz o IPEA, de 3.809 domicílios consultados em 212 municípios no ano passado, 26,6% possuem TV por assinatura e, desses, 87,1% avaliam o serviço como bom ou ótimo. Até aí, nenhuma surpresa: sabemos que a concorrência vem fazendo as operadoras aprimorarem seu trabalho. Mas, na telefonia fixa, o percentual é de 73%, também altíssimo. E, acreditem, 65% no caso do celular.

Uma explicação seria que a maioria das pessoas está usando menos telefone fixo. OK. Já no caso da telefonia móvel, (82,5%) da população utiliza celular pré-pago, modalidade em que as operadoras oferecem menos serviços. Bem, o IPEA é um órgão conceituado e, embora ligado ao governo federal, mantém uma tradição de independência em suas análises. Até hoje, quase todos os estudos do gênero, elaborados por empresas e entidades igualmente respeitadas, têm indicado que o Brasil está atrasadíssimo em matéria de telecom (vejam esta notícia). Esperemos que surjam mais dados, para esclarecer de onde vem tanta satisfação.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • O tecido social está se esgarçando cada vez mais e mesmo assim a Dilma está para se reeleger em primeiro turno...

    Vá entender.

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Orlando Barrozo

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