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Cotas, também no Netflix

Até que demorou. Uma fonte da Ancine revelou à colunista Keila Jimenez, da Folha de São Paulo, que a Agência pretende estipular cotas para produções nacionais também nos serviços de vídeo pela internet – Netflix é o mais famoso deles. A ideia seria exigir que 30% dos produtos oferecidos sob demanda sejam brasileiros.

Como se sabe, em 2012 a Ancine conseguiu impor esse mesmo tipo de regra às programadoras de TV por assinatura. O fortíssimo lobby dos produtores de cinema e vídeo no Congresso fez aprovar a medida, apesar de longa e intensa polêmica. Com a internet, era mesmo de se esperar que algo do gênero fosse proposto, até porque é uma reinvindicação das próprias operadoras de TV paga, que desde aquela época cobram do governo um tratamento igual para as empresas online.

O sucesso do Netflix e de outros serviços de video-on-demand deve estar atraindo os olhares dos produtores, o que é compreensível. Mas essa batalha pode ser inglória. Os cerca de 2 milhões de assinantes brasileiros do Netflix (o número é da própria Ancine) podem acessar o serviço mesmo que estejam do outro lado do mundo: basta ter um aparelho ligado a uma conexão de banda larga minimamente robusta. Quem irá impedi-los?

No fundo, estamos assistindo a mais um capítulo da velha saga brasileira em torno do levar-vantagem-em-tudo. Esse pessoal parece não entender a revolução da internet. Nela, não cabem cotas. A distância entre conteúdos bons e ruins não é determinada por um decreto, mas sim por um clique do usuário. Como, aliás, mostra bem este artigo.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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