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O segredo dos TVs espiões

Não tivemos oportunidade de comentar aqui (e foi muito mal divulgado na imprensa brasileira) o episódio envolvendo TVs que são capazes de “espionar” a vida íntima do usuário. Tudo começou com a divulgação, pela Samsung, de um comunicado sobre o uso do recurso voice recognition nos TVs smart (vejam o texto abaixo). Basicamente, a empresa advertia os usuários de que comentários racistas, palavrões e até relativos a seus cartões de crédito, quando feitos diante do TV, poderiam ser ouvidos por terceiros.

A polêmica se acirrou quando sites australianos divulgaram que os TVs smart Samsung estavam exibindo anúncios da Pepsi, que apareciam de repente na tela mesmo quando o usuário assistia a um DVD! A conclusão, talvez apressada, foi que os códigos de funcionamento dos TVs podiam ser hackeados.

Bem, no caso da Austrália, a empresa apressou-se em informar que havia detectado (e já resolvido) problemas técnicos no software que alimenta os aparelhos. Mas a questão do reconhecimento de voz permanece obscura. Entidades inglesas de defesa da privacidade chegaram a comparar os TVs Samsung com as telas descritas por George Orwell no famoso livro 1984, onde nasceu o personagem Big Brother.

Segundo a Samsung, ao ativar o comando por voz o usuário estaria “consentindo” que suas palavras sejam enviadas a um servidor externo, encarregado da busca para atender a sua solicitação. Ou seja, após utilizar a função cada pessoa deve desativá-la para que suas conversas posteriores não sejam captadas no mesmo servidor, que não seria de responsabilidade do fabricante de TVs. “Levamos muito a sério a questão da privacidade e utilizamos os mais seguros padrões de segurança, inclusive criptografia, para evitar uso não autorizado dos dados dos usuários”, explicou a empresa.

Enfim, não custa ficar quieto diante do seu TV. Leiam agora o que dizia o site global da Samsung:

“Por favor, estejam informados de que se suas palavras incluírem informações pessoais ou delicadas estarão entre os dados captados e transmitidos a terceiros através do reconhecimento de voz.” 

Dias depois, a empresa retirou essa frase do site, acrescentando novas explicações sobre como funciona o reconhecimento de voz (leiam aqui o original). Nada muito diferente das outras marcas de TVs smart, mas a confusão já estava feita.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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