Categories: Uncategorized

Samsung, Harman e o futuro dos carros

A notícia de que a Samsung irá assumir o controle do grupo Harman, confirmada nesta 2a feira, surpreende pelos valores envolvidos. A colaboração entre os dois grupos não é nova (acima, foto do ArtPC Pulse, desktop de formato cilíndrico, lançamento recente no mercado asiático). Mas, em qualquer circunstância, US$ 8 bilhões é muito dinheiro. No caso, significa 28% a mais do que vale oficialmente a empresa americana, considerando a cotação de suas ações na última 6a feira. É o tipo do negócio em que o mercado fica se perguntando se não há alguma pegadinha por trás.

Como já aconteceu algumas vezes entre grandes corporações, a iniciativa da Samsung pode ser considerada no mínimo ousada. Só para citar dois casos: Google-Motorola e Microsoft-Nokia. Também foram acordos bilionários, que no médio prazo revelaram-se fracassados.

O que teria levado a Samsung a fazer oferta tão irrecusável? As duas hipóteses mais plausíveis: havia um concorrente em ação e era necessário impedi-lo; ou a direção do grupo coreano precisava de uma medida tão impactante para neutralizar as consequências da crise com os smartphones Galaxy Note 7, cuja fabricação foi suspensa.

Se, ao ler “concorrente”, você pensou na Apple, a dedução é lógica. Ninguém no mundo atual ameaça mais a supremacia da maçã do que a Samsung. Mas a segunda possibilidade é, por enquanto, a preferida dos analistas de mercado. Seja como for, se o negócio for concretizado, será um passo e tanto para os coreanos dominarem o concorridíssimo segmento de carros conectados e, por tabela, também o de IoT.

Para outros, é uma surpresa também o próprio fato da Samsung comprar uma empresa tão grande como a Harman, fundada em 1953. Embora alguns sites a reconheçam “apenas” como fabricante de sistemas automotivos (hoje, quase 70% das receitas do grupo vêm desse setor), a Harman é o maior fabricante mundial de alto-falantes, com sua marca JBL ou fornecendo para outras marcas. É fortíssima em sistemas de áudio profissional e instalações gigantes, como estádios, arenas etc. Possui nada menos do que 8 mil engenheiros de software! Além disso, adquiriu em 2014 a AMX, que produz sistemas de automação (seu maior cliente é o governo americano) e vem crescendo na área de nuvem e tecnologias móveis. Recentemente, alterou sua identificação da antiga Harman International para “Harman Solutions”. Seu faturamento anual é de US$ 6,9 bilhões. Mais detalhes aqui.

“A compra faz todo sentido para nós”, disse à agência Reuters o CEO da Samsung Electronics, Young Sohn. “Chegamos à conclusão de que não temos mais por onde crescer de forma orgânica, ou seja, simplesmente atuando em nosso segmento”.

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Trump, tarifas e tecnologias (1)

    São tantos os malefícios causados pela nova política comercial do governo americano que…

8 horas ago

Um concorrente para HDMI e USB?

      Em meio às polêmicas envolvendo EUA e China, chega do Oriente uma…

2 dias ago

Cancelamento de ruído é um perigo…

      A lição vem de uma colega americana (Tammy Rogers, do excelente site…

3 dias ago

Home Theater agora é 100% digital

Lançada em maio de 1996, a revista HOME THEATER (que em 2008 acrescentou o título…

3 dias ago

Quem vai bancar a energia da IA?

Em meio à avalanche de notícias sobre Inteligência Artificial, especialmente após a mudança de postura…

2 semanas ago

Netflix e Samsung, agora abraçadas

Demorou, mas enfim a Netflix decidiu adotar - por enquanto, somente nos EUA e Canadá…

2 semanas ago