Falando para a Folha de São Paulo, Barros – que foi um dos responsáveis pela implantação do Bolsa Família, ainda no governo Lula – defende que a escola estimule mais a curiosidade e o pensamento crítico dos alunos, especialmente as crianças, em lugar de apenas ensinar (mal) o básico de português e matemática. Ideia polêmica, sem dúvida, mas que remete a avanços já praticados em países como Coreia do Sul e Finlândia, segundo o entrevistado. “Se você estimular a criatividade, o pensamento crítico, a curiosidade, pode dar um salto, porque o cara com essas características quase aprende sozinho”, afirma.
E mais: “Não só temos pouca escolaridade, mas a escolaridade que temos é completamente dependente do ambiente familiar, o que é um absurdo… Se a escola ensina para o aluno que o mundo é diverso e flexível e que ele precisa ter autoconfiança e persistir, ela elimina o impacto do ambiente familiar”, acrescenta. “O ensino de habilidades socioemocionais na base curricular é uma aposta de que isso poderá nos fazer ganhar uma década”.
Já o prof. Gianetti, que é também filósofo e tem uma dezena de livros a respeito, acaba de lançar “Trópicos Utópicos”, obra em que avança nas possibilidades que enxerga para o país sair da armadilha de ser o eterno “país do futuro”. Em entrevista ao site da Livraria Cultura, Gianetti reflete sobre os alarmantes déficits educacionais brasileiros, tanto no ensino fundamental quanto no médio e no superior. “As pessoas acham que têm ensino fundamental completo, ensino médio completo, superior completo e, na verdade, essas credenciais não têm realidade, são diplomas vazios”, comenta.
Como tantos outros pensadores, o economista, que também dá aulas há 30 anos, considera a educação o maior desafio do Brasil na rota para se tornar um país “civilizado”. Mas adverte que as questões emergenciais – como a atual crise de representação política – acabam se sobrepondo. “Os alunos brasileiros são treinados desde o início a reproduzir nas provas o que aprenderam em aula”, analisa. “Mas não são estimulados a pensar por conta própria, a buscar o conhecimento, a ter um pensamento lógico, a fazer perguntas. Se você perguntar em prova o que foi dado em aula e o que está no manual, ele é um excelente aluno. Mas, se você sair um pouquinho do que foi dado em aula, ele fica completamente perdido”.
Bem, recomendo entusiasticamente a leitura das duas entrevistas, além de várias outras que ambos vêm concedendo nos últimos anos, como cabeças privilegiadas que são. Para quem tiver preguiça de ler, uma boa alternativa é assistir às entrevistas de Ricardo PB e Eduardo Gianetti no Roda Viva, da TV Cultura.
Antes até do que se previa, a Inteligência Artificial está deixando de ser uma…
Meses atrás, chamávamos a atenção dos leitores para os exageros nas especificações de brilho das…
Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…
Para quem visita a CES (minha primeira foi em 1987, ainda em Chicago), há sempre…