Por Jason Knott*

           Baseada no segmento smart home, a indústria eletrônica deverá ter crescimento inéditoo nos próximos anos. A previsão é do NPD Group, uma das mais respeitadas empresas de análise do mercado de tecnologia em todo o mundo. Falando a um grupo de integradores especializados em áudio, vídeo e automação, na semana passada, Stephen Baker, vice-presidente do NPD, disse que a geração Millenials está começando a descobrir os novos recursos smart para uso em casa e no trabalho e que isso terá forte impacto no setor.
           Baker deu palestra no congresso da HTSA (Home Technology Specialists Association), em Dallas, apresentando números do mercado smart e suas perspectivas para os próximos dez anos. “Estou na ativa há 30 anos e nunca vi nada mais empolgante do que as tecnologias smart”, disse ele. “Eu era pessimista em relação a isso, mas agora vejo que as novas possibilidades de integração entre os produtos tornam esse mercado ainda mais promissor”.
          Segundo Baker, o setor como um todo deve crescer cerca de 20% este ano, e mais 20% nos dois anos seguintes, algo que nunca aconteceu antes na indústria eletrônica. E o segmento chamado genericamente smart home, incluindo vários itens de alto valor agregado, é que será o motor dessa expansão.
         “Quase todos os produtos que pesquisamos, com exceção de CDs e Blu-ray, está crescendo”, revelou o executivo, o que é algo inédito na história da empresa. “Ao contrário de outros setores da economia, as tecnologias smart são as maiores responsáveis por determinar o estilo de vida das novas gerações. Não estamos falando dos tênis da moda, mas de smartphones e caixas acústicas smart. Vocês, integradores, deveriam estar muito animados para ir trabalhar todos os dias”, acrescentou.
          O VP do NPD Group foi além, comentando que o mercado da casa inteligente representa uma rara oportunidade histórica de se construir uma nova base tecnológica na sociedade. “TVs e celulares são apenas tecnologias de reposição. Muita gente não entendeu ainda que smart home significa mudar tudo, e os profissionais especializados precisam aproveitar essa oportunidade, que só aparece a cada 10 ou 15 anos”.

“Google, Amazon e outras gigantes sabem que precisam de parceiros. Integradores devem saber aproveitar essa oportunidade”.

          Em sua análise, Baker se referia não apenas ao aumento na demanda por sistemas de automação residencial, mas à integração com outros equipamentos, especificando três áreas: cozinha, carro e saúde. “A cozinha de hoje não tem nada a ver com a que vamos encontrar daqui a dez anos”, previu Baker. “As pessoas vão começar a comprar apenas aparelhos smart, em lugar dos tradicionais”.
         Ironizando grandes empresas de tecnologia, Baker comentou que a maioria dos executivos da Google, por exemplo, tem menos de 37 anos e, portanto, não são capazes de entender o mercado de pessoas mais velhas. Essa seria, diz ele, outra oportunidade para a atuação de profissionais especializados em tecnologia, especificando e instalando produtos da linha smart health.
           Apesar da ironia, o executivo reforçou que é importante para os integradores buscarem parcerias com Google, Amazon e outras gigantes, com exceção da Apple. “Google e Amazon sabem que precisam de parceiros, e não estão aí para roubar mercado de ninguém. Mas a Apple acha que pode fazer tudo sozinha”.
          Sobre a ascensão dos millenials, Baker afirmou que eles serão a partir de agora os principais consumidores, pois estão “começando a pensar como os mais velhos, e isso significa que querem gastar também como os mais velhos”. Embora o público jovem tenha maior tendência a fazer compras online, Baker apresentou dados mostrando 40% dos consumidores gasta apenas 10% de sua renda disponível dessa forma; os demais continuam preferindo as lojas físicas.

TVs que não possam se conectar a outros dispositivos, como os de monitoramento 
físico e da saúde”

          Outra revelação do homem das pesquisas de mercado é que os produtos de preço mais alto estão crescendo mais em vendas junto ao público de maior poder aquisitivo. “Dos TVs aos drones, o que mais se vende hoje são os itens mais caros”, afirmou Baker. “As pessoas querem produtos bons, não querem simplesmente o mais barato. Querem produtos que não quebrem, para que não precisem voltar depois à loja”.
           Para revendedores que se queixam das baixas margens de lucro na venda de TVs, Baker advertiu que esse segmento deverá sofrer grande transformação nos próximos anos. “Não teremos mais TVs que não possam se conectar a outros dispositivos, como itens de monitoramento da saúde ou de atividades físicas”. Baker lembrou que a Amazon tem todo interesse em impulsionar o segmento de displays porque não produz smartphones.
           Além disso, antecipou, devem ser lançados nos próximos anos novos formatos de displays, com design mais avançado, como transparentes e roláveis. Também deverão ter forte impacto no mercado as novas versões de TVs OLED, MicroLED e os TVs 5G, capazes de transmitir e receber sinal de vídeo sem fio. “As pessoas vão querer trocar de TV com mais frequência, como fazem hoje com os smartphones”, disse Baker.

*Artigo extraído do site CE Pro

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