Uma revolução silenciosa está acontecendo na indústria eletrônica. Assim como as grandes empresas de internet monitoram nossos hábitos online para nos empurrar “ofertas” customizadas, os equipamentos que usamos carregam doses cada vez maiores de deep learning. Esse é o conceito pelo qual as máquinas são capazes de “aprender” sobre nós, usuários; aprendem continuamente, e tão bem que às vezes emulam nossas reações, por mais idiotas que sejam.

Durante a CES 2019, ouvi diversas vezes a expressão “inteligência artificial” (IA), da qual deep learning é um dos ingredientes. As principais marcas presentes ao evento a usaram em suas demonstrações, querendo passar a mensagem de que seus aparelhos são mais inteligentes que a concorrência. Não é verdade. O que os diferencia é o banco de dados (database) sobre o qual se assentam seus recursos – e, claro, estamos falando aqui do mundo digital.

O TV armazena milhares de dados

sobre o usuário, combinando-os com seu database.

Exemplo: os TVs que saem este ano virão equipados com processadores tão velozes que ajustam a qualidade da imagem a cada quadro. O fabricante mantém atualizado um banco de imagens que serve de referência. São geralmente fotos, mas também trechos de vídeos, com os mais variados objetos, paisagens, pelos de animais, tons de pele, fontes de luz e combinações de cores, tudo com a máxima nitidez.

Ao detectar um sinal (digamos, um céu azul), o processador vai buscar imagens similares e, em tempo real, corrige o que não estiver OK. E, com o uso contínuo, armazena informações sobre os hábitos de quem assiste, combinando-as com seu banco de dados. 

O mesmo acontece com o áudio. Há fabricantes equipados com milhares de sons cobrindo todo o espectro de frequências, timbres e modulações, da voz límpida de uma soprano ao ronco de um jato. Softwares de altíssima precisão acionam o processador do aparelho para identificar a referência exata, antes que o som chegue aos ouvidos de alguém.

O que se chama deep learning é um processo de “aprendizado” permanente, baseado no acúmulo de dados, que permite à máquina emular padrões de reprodução de sinais. Vale para os sites de e-commerce, que sabem tudo que você comprou ou apenas pesquisou, e vale para seu novo TV. Quanto maior o banco de dados, mais chances de se obter um bom resultado.

Da próxima vez que lhe perguntarem se vale a pena comprar um TV 4K HDR com IA (ou AI, na sigla em inglês), a resposta está no database: esse TV possui processadores mais rápidos e softwares mais eficientes. Ainda que você só vá assistir à televisão convencional, pode ter certeza de que o sinal chegará até você melhor do que no seu TV velho, que não é tão inteligente assim.

3 thoughts on “Melhor imagem? Consulte seu database

  1. Obsolescência avança em ritmo cada vez maior.Aparelhos de 2 anos atrás hoje são,praticamente lixo,para os mais descolados…

  2. Não diria para os mais descolados, e sim para os mais crentes em argumentos de marketing muitas vezes simplesmente exagerados.
    .

  3. Acompanho as novidades de áudio e vídeo com razoável frequência. Mas, para todas as novidades, a pergunta que me faço é sempre a mesma: eu preciso deste upgrade ou eu desejo este upgrade? Até hoje a resposta foi sempre a mesma, e o desejo nunca me norteia a adquirir as novidades.

    Por mais que as novas telas inteligentes nos encantem, há quase nenhum conteúdo ainda em 4K. Minha velha LG plasma tem me atendido tão perfeitamente e com uma imagem HD tão bacana que, a menos que eu não mais consiga acessar a Netflix e demais plataformas (o sw da Netflix já não tem mais atualização, tampouco o do YouTube), não devo pensar em trocar ela por uma mais nova em, pelo menos, mais cinco anos, talvez mais.

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