Categories: Uncategorized

Apple pode comprar a Netflix?

Volta e meia surgem boatos como esse. Mas, considerando as montanhas de dinheiro em jogo, e o caos instaurado pela explosão das novas mídias, não é de estranhar que uma empresa como a Apple pense em se expandir adquirindo o controle de uma estrela ascendente como a Netflix. O alerta foi dado esta semana por um analista do banco J.P.Morgan, que em relatório a clientes comenta a “crise” atual da Apple.

Primeiro, é bom refletir sobre o significado da palavra “crise”. De fato, a Apple é hoje menos rentável do que foi até o ano passado, e isso tem um nome: iPhone. A criação mais genial da empresa, que acaba de completar dez anos, parece ter chegado ao seu limite de crescimento, conforme a própria Apple reconheceu em seu último balanço trimestral, afirmando que as vendas do aparelho caíram 5% em 2018. Como é o produto mais vendido da marca, o impacto sobre o faturamento seria mesmo inevitável.

Acontece que hoje o iPhone tem concorrentes de peso, como Samsung Galaxy e os modelos equivalentes das chinesas Huawei e Xiaomi, entre outros. Da mesma forma, o pioneiro iTunes perdeu espaço para Spotify, Google Music e similares. Natural, portanto, que a empresa fundada por Steve Jobs busque alternativas. Além da Netflix, as mais citadas atualmente são a Sonos, que revolucionou o segmento de caixas acústicas portáteis; a Activision, produtora de games consagrados, como Call of Duty, Candy Crush e World of Warcraft; e a Electronic Arts, famosa por jogos de sucesso como as séries Fifa e Battlefield.

Mas, quais seriam as reais chances da Apple comprar a Netflix? Os analistas de mercado se dividem, mas a maioria acha pouco provável. Oficialmente, a empresa de Cupertino possui cerca de US$ 250 bilhões em caixa para investir; o serviço de streaming é avaliado em aproximadamente US$ 150 bilhões, e o chamado “prêmio” estimado por investidores gira em torno de 30%; ou seja, a Apple teria que desembolsar US$ 200 bi (80% do seu caixa) para concretizar o negócio!!!

Vale lembrar comentários publicados aqui, como este, de 2016, detalhando tentativas da Disney de adquirir a Netflix, que como se sabe não foram adiante. Com 139 milhões de assinantes ao redor do mundo, e uma dívida líquida de US$ 7 bi (baixa para os padrões da indústria), a empresa fundada por Reed Hastings parece insaciável, deixando longe todos os pretensos concorrentes, inclusive a todo-poderosa Amazon. Nada indica que Hastings e os demais acionistas queiram vendê-la – pelo menos, não agora. 

Na prática, o modelo Netflix (detalhes aqui) gerou uma revolução no mercado, e por mais que analistas se esforcem não há como prover até onde pode chegar. 

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

View Comments

  • Um grande asset da Netflix é a sensação de que eles respeitam seus clientes. Quando o preço aumenta, aumenta primeiro para novos assinantes, você pode cancelar direto no site se desejar, nunca ouvi alguém reclamar que ligam te enchendo o saco pra voltar a assinar se você cancela.
    Já a concorrência liga insistentemente para te oferecer o que você já deixou claro que não quer, usam ligações robóticas que chamam vários números e completam a ligação que for atendida primeiro e desligam na cara dos outros. Minha lista de bloqueio no celular não para de crescer graças à Net.
    Entretanto a Netflix tem dado umas bolas fora, e eu não consigo entender o porque. O vídeo encolher para o canto no final, além de ser uma ideia idiota e desrespeitosa para com os criadores do conteúdo, em muitos casos acontece antes de o vídeo realmente acabar. Os trailers compulsórios com som é outra bobagem que surgiu nos últimos tempos. Antigamente você teria pelo menos a opção de desabilitar estas duas bobagens, atualmente não tem como, o que é uma pena porque fere a sensação de serviço bem feito que a empresa tinha desde o início.

  • A Apple seria loca se fizesse isso. O Netflix custa uns 150 bi, sai muito mais barato comprar a Viacom por 12 bi e tem mais conteúdo.

Share
Published by
Orlando Barrozo

Recent Posts

Até onde chega o brilho das TVs?

Meses atrás, chamávamos a atenção dos leitores para os exageros nas especificações de brilho das…

3 dias ago

Netflix lidera, mas cai mais um pouco

                  Em outubro de 2021, publicávamos -…

1 semana ago

Inteligência Artificial não tem mais volta

Pouco se falou, na CES 2025, em qualidade de imagem. Claro, todo fabricante diz que…

4 semanas ago

TV 3D, pelo menos em games

                          Tida como…

4 semanas ago

TV na CES. Para ver e comprar na hora

Para quem visita a CES (minha primeira foi em 1987, ainda em Chicago), há sempre…

4 semanas ago

Meta joga tudo no ventilador

    Uma pausa na cobertura da CES para comentar a estapafúrdia decisão da Meta,…

4 semanas ago