Quando não se tem o que dizer, ou disposição para estudar e pensar com a própria cabeça, sempre é possível dar um jeitinho. E a tecnologia está aí para ajudar. Foi o que revelou reportagem da Folha de São Paulo no último fim de semana sobre “aplicativos que reescrevem artigos” (este é o link). São softwares que trabalham sobre textos já escritos, trocam algumas palavras por sinônimos e alteram a ordem dos parágrafos, resultando em “novos textos” que o distinto usuário pode assinar e publicar como se fossem de sua autoria.

“Você pode pegar três artigos, que não necessariamente são seus, e jogar dentro do app. Ele altera a sequência dos parágrafos e troca as palavras, o que, no fim, tenta despistar testes de plágio”, denuncia a economista Julia Baranova, que é russa mas reside em Florianópolis, onde cursa mestrado. Foi o que Julia descobriu ao escrever um artigo sobre startups: copiar e colar, literalmente, é hoje muito mais fácil, com a ajuda de apps.

A prática, que também acontece em outros países, causa mais prejuízos na área de pesquisas e nas universidades, onde a publicação de artigos técnicos ou científicos pode render créditos para obtenção de bolsas e conta muito nos currículos. “Inteligência e criatividade agora são terceirizados para um programa de computador”, ironiza um dos entrevistados pela Folha, o historiador Rodrigo Turin, professor da Unirio e cursando pós-doutorado em Paris.

Na imprensa e principalmente na internet, já virou rotina encontrar “artigos” ou “reportagens” produzidas via Ctrl+C-Ctrl+V, e sem os devidos créditos aos autores originais. Nem sempre é fácil identificar o trambique. Mas, em tempos de fake news incentivadas até por governantes, quem se importa?

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