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Gadgets, automação e o custo China

Sai uma tecnologia, entra outra, produtos nascem e morrem (empresas também), e a prática brasileira continua a mesma: tentar levar vantagem em tudo. Nesta quinta-feira, a Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial) divulgou mensagem enviada ao site Olhar Digital questionando reportagem, publicada ontem, que lista uma série de dicas para consumidores em busca da chamada ‘casa inteligente’. De fato, o texto escorrega feio ao recomendar que seus leitores acessem sites chineses para importar gadgets como lâmpadas, conectores, fechaduras e demais produtos smart.

Incomodou a Aureside principalmente este trecho: Todos os dispositivos abaixo podem ser encontrados em sites chineses – às vezes com marcas diferentes, mas com funções similares. O AliExpress, o Alibaba, o GearBeast e o Bangood são alguns exemplos de varejistas online que vendem produtos de tecnologia. Os produtos costumam ser muito mais baratos porque vêm direto da China. Além disso, a maioria oferece desconto para a primeira compra e possui entrega grátis para o Brasil. A única desvantagem, normalmente, é o longo tempo de espera.

Nenhuma palavra, portanto, sobre a questão da garantia, nem a saudável advertência de que esses produtos não trazem certificação da Anatel ou do Inmetro e, por isso, oferecem riscos (pela lei, são itens proibidos no país). Claro, o fato de serem proibidos não significa que não sejam usados, assim como tantos outros eletrônicos que as pessoas trazem de Miami ou do Paraguai. Essa é a realidade no país do jeitinho. O problema, argumenta a Aureside, é incentivar essa prática, como foi o caso da reportagem.

O site Olhar Digital é um dos melhores do país na cobertura do mercado de tecnologia, mas desta vez infelizmente errou. Para quem quiser conferir, este é o link da polêmica reportagem. E abaixo reproduzimos a mensagem enviada pela Aureside:

A AURESIDE, Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial,  criada no ano de 2000, representa os fabricantes e distribuidores de sistemas e produtos para a Automação de residências e para a Casa Inteligente.

Causou-nos  preocupação a matéria “Como automatizar sua casa de forma barata; guia de preços e produtos” publicada no seu portal em 31 de julho onde fica clara a orientação ao usuário de que compre produtos chineses diretamente através de sites internacionais.

Se bem que é uma prática existente, em momento algum ela deve ser incentivada, uma vez que os produtos trazidos desta forma não têm autorização para serem utilizados no país; eles não possuem certificação ANATEL nem INMETRO, não oferecem manuais em português nem suporte ou garantia local.

Esta prática coloca o usuário em várias situações de risco. Produtos conectados à rede elétrica que não atendam às normas brasileiras podem ser potenciais focos de incêndio. Instruções não adequadas e em língua estrangeira podem induzir o usuário a erros. Equipamentos que utilizam radio transmissão e não foram certificados pela ANATEL podem estar gerando interferências ou mesmo irradiando potencias acima do permitido, colocando em risco a saúde dos usuários.

Ademais, este tipo de comercialização, onde se busca o menor preço, induz o comprador a produtos de baixa qualidade ou mesmo produtos que simplesmente não atendem ao que anunciam, causando frustração, o que prejudica o mercado nacional como um todo.

Temos ainda que considerar que esta orientação prejudica as empresas nacionais e mesmo as empresas estrangeiras que se preocupam em atender às normas e legislações brasileiras, pagar impostos e taxas e criar uma infraestrutura de distribuição e suporte para buscar a satisfação do usuário final.

Assim, pedimos que considerem retirar do ar a matéria em questão bem como publicar uma matéria que elucide o assunto e oriente o leitor aos procedimentos e escolhas corretas.

Ficamos à disposição para orientações a respeito

Atenciosamente

José Roberto Muratori, diretor executivo

George Wootton, diretor técnico

Orlando Barrozo

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige a revista HOME THEATER, fundada por ele em 1996, e os sites hometheater.com.br e businesstech.net.br. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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  • Corretíssimo Sr. Orlando.Mas precisamos de uma anatel (cabide de empregos) mais operante e tecnicamente mais capacitada.Conheço produtos que estão há um ano na espera de aprovação e outros de grandes corporações que são aprovados literalmente á toque de "caixa".Proteção á indústria nacional é balela.Veja o caso da Positivo que teve aprovação de seus produtos de automação em muito pouco tempo.

    • Sem dúvida, Nardelli. Venho cobrando isso aqui há mais de dez anos. Temos que continuar cobrando que ela seja mais técnica e menos política. Abs.

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Orlando Barrozo

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