Mas nunca, em 21 anos de existência, a Anatel esteve tão ameaçada quanto agora. O governo Bolsonaro está firmemente decidido a impor derrota fragorosa à Agência, obrigando-a a aprovar a autorização para que a americana AT&T possa atuar no país como operadora – provavelmente adquirindo o controle da Oi, sendo já proprietária da Sky – e também como programadora, através de sua subsidiária Warner Media. É o que se chama “propriedade cruzada”, algo que a legislação atual proíbe.
Na semana passada, o Conselho Diretor da Anatel adiou sua decisão, que seria contrária à autorização, em meio a intenso bate-boca entre os conselheiros. Nesta quarta-feira, Bolsonaro recebeu no Planalto o presidente da AT&T, Randall Stephenson, que busca a liberação no Brasil. O grupo precisa desse apoio para fechar nos EUA a compra da Warner – outros 17 países onde a AT&T opera já aprovaram o negócio.
Fontes do mercado revelam que as pressões são explícitas sobre a direção da Anatel. Bolsonaro quer porque quer agradar Trump, que lhe pediu diretamente para interceder. A Warner é dona da CNN, que critica abertamente o presidente americano; este acha que pode mudar isso ajudando a AT&T. Ao contrário de Temer, que também foi pressionado e corretamente deixou a decisão para o Congresso, Bolsonaro joga pesado e não se prende aos riscos políticos dessa ação.
Na Câmara Federal, o projeto de mudança na Lei do SeAC que trata da propriedade cruzada está em discussão há alguns meses na Comissão de Ciência e Tecnologia, mas bem longe de atingir consenso. As implicações são enormes e afetam vários setores da economia. Não é algo que possa ser aprovado a toque de caixa. Como diria um velho senador: se for, as consequências virão depois.
Sobre o complexo tema da propriedade cruzada, recomendo este artigo de Samuel Possebon sobre a disputa entre os grupos Claro e Fox, esta uma programadora que agora vende seu conteúdo diretamente ao público pela internet, atuando assim como operadora. Como já comentamos aqui, nem a Anatel sabe ainda como se posicionar.
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Sem viés ideológico, diga-se de passagem.
E quando há interesses cruzados em jogo, a pressão deve ser maior. O que fazer nessa hora?! Jogar a batata quente de volta para o Congresso e dizer ao nosso dileto presidente que o buraco é mais embaixo?!