A propósito do post sobre o Oscar, quero comentar o levantamento feito pela Folha de São Paulo sobre a qualidade dos cinemas paulistanos. É um ranking cada vez mais importante, e aguardado com ansiedade no segmento. A equipe do jornal percorreu 61 salas, tanto nos shoppings dos bairros nobres quanto em regiões pobres da cidade. E apontou os vencedores em 10 categorias, avaliando itens como conforto das salas, qualidade de áudio e de projeção e até os serviços de bonbonnière (estes, aliás, em muitos casos são hoje a principal fonte de receita dos cinemas, mais até do que a própria venda de ingressos).

Chamou minha atenção o quesito “melhor som”, em que se confirmou a vitória – aparentemente definitiva – do padrão Dolby Atmos sobre o THX. O problema é que o autor (ou autores) do texto apontam como melhor sala a de um shopping que, exibindo a aventura Jumanji: Próxima Fase, registrou 109dB de pressão sonora. O segundo melhor cinema bateu em 105dB, e o terceiro em 102dB.

Certamente, esses foram picos de SPL em alguns poucos momentos do filme (que tem 123 minutos de duração), detalhe não mencionado pelos avaliadores. Até porque qualquer pessoa submetida a tal nível de volume durante duas horas tem boas chances de sair da sala com fortes dores de cabeça. Som em alto volume não é, nem nunca foi, indicador de qualidade num equipamento; ao contrário, pode esconder distorções e “buracos” no espectro de frequências, como está bem explicado neste artigo do especialista Alexandre Algranti.

Frequentar cinemas de boa qualidade é uma ótima referência para quem curte som, assim como ir a shows e principalmente concertos em boas salas de audição. Mas, para cuidar bem dos ouvidos, sugiro evitar salas de cinema como as escolhidas pela Folha. Para quem quiser conferir, este é o link da reportagem.

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